DISCOS
Anni Rossi
Rockwell
· 27 Abr 2009 · 15:15 ·
Anni Rossi
Rockwell
2009
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- Anni Rossi
- 4AD
- Popstock
Anni Rossi
Rockwell
2009
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- Anni Rossi
- 4AD
- Popstock
Anni Rossi, viagem ao centro do coração do cérebro.
É incrível como a mítica editora 4AD consegue, durante mais de duas décadas, surpreender tantas vezes pela positiva quem gosta de música pop menos convencional. Caro Ivo Watts-Russell em nome de muitos obrigado pelos Cocteau Twins, Dead Can Dance, Throwing Muses, Pixies, Wolfgang Press, Lisa Germano, Red House Painters, o último do Scott Walker, e sim perdoamos-te os Thievery Corporation. E agora obrigado por esta Anni Rossi.

Descoberta pela Too Pure (obrigado pelos Stereolab que também já andam pela 4AD e Pram!), esta menina que nasceu em nenhures, Minnesota, anda a tocar violino desde os 3 anos. No fim do secundário ou “high school” como dizem os habitantes dos U.S of A., a virtuosa solista passou por Chicago e Los Angeles, onde foi estudar composição. Nesta cronologia de acontecimentos, Anni integrou a banda de Carla Bozulich onde certamente muitos bichinhos da não convencionalidade lhe morderam. E eis o disco, a sua estreia em LP. Rockwell primeiro, é o nome de uma rua onde Anni viveu em Chicago. Segundo, é um disco fabuloso. Entrada directa numa lista qualquer de fim de ano de discos. As músicas sucedem-se, com a ela a trocar o violino por um violoncelo ou teclas de um orgão que toca furiosamente, com o passos num caminho sem fim, visitando aqui e ali os mesmos espaços etéreos que Arthur Russell ou Gideon Kramer embebido por Arvo Part visitavam. A voz também aqui e ali preenche os vazios como uma Kristin Hersch o fazia.

Nesta “road trip”, excursão pontuada por percussão, as palavras também se sucedem, muitas. Esta rapariga de 23 anos é vivida e vê o mundo com outros olhos, nota-se. Nestes óculos extras, a sua visão roça Laurie Anderson. “This is about glaciers (…) I like freezer boxes, I like freezer units, they imprisoned my heart”. E a sua poesia beat revive viagens de Cassidy ou Kerouac, em comunhão “soul-bagpackers” – “Just my life and my belongings, on a road trip that turns into going home, because I can’t feel it. The West Coast. Just a couple days now. I can feel it”. Na vida, a migração arrepia. Verdade. E como beatnick que se preze, na viagem dos dias da existência também não tem nojo do óbvio e mais “trash”. Consegue daí retirar beleza. É o que faz com uma versão sublime dos Ace of Base (leram bem, esses cromos) – “Living in danger”. Como cocó fica chocolate em 2 minutos e 32 segundos. Não é para todos.
Nuno Leal
nunleal@gmail.com

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