DISCOS
Samuel Úria
Em Bruto EP
· 23 Jan 2009 · 11:00 ·
Samuel Úria
Em Bruto EP
2008
FlorCaveira / Mbari
Sítios oficiais:
- Samuel Úria
- FlorCaveira
- Mbari
Em Bruto EP
2008
FlorCaveira / Mbari
Sítios oficiais:
- Samuel Úria
- FlorCaveira
- Mbari
Samuel Úria
Em Bruto EP
2008
FlorCaveira / Mbari
Sítios oficiais:
- Samuel Úria
- FlorCaveira
- Mbari
Em Bruto EP
2008
FlorCaveira / Mbari
Sítios oficiais:
- Samuel Úria
- FlorCaveira
- Mbari
Do mais atípico dos bigodes FlorCaveira vêm as mais pungentes canções da trova portuguesa recente. É Samuel Úria, por lapidar.
Já não vale a pena contextualizar e apresentar a família musical de Samuel Úria, imensa de numerosa e sobeja de conhecida. Estão todos já biografados não só pela multidão de que são, tal como pelos grandes espaços que há ao lado. De todos, nenhum foi tão cheio de talento e capacidade como Samuel Úria, intelectual à maneira jovem, baladeiro à maneira antiga. Na capacidade criativa com que gera palavras e melodias não há ninguém, em termos de idade, que se lhe possa igualar até à geração de que faz parte. Andando para trás na linha do tempo, contando toda a história da música portuguesa popular, não são muitos a ultrapassá-lo.
A auto-explicação não é bem-vinda à arte: todo o delicado da música gosta de se ver à brocha para perceber referências ou localizar samples, sem que lhe seja dado tudo de barato. Se é o desafio que faz o melómano, Samuel Úria não foi muito feliz. Todas as canções estão explicadas, todas as referências identificadas, o bê-á-bá do universo criado não oferece grandes surpresas. Pelo menos aparentemente. É que as explicações soam aqui quase a pedido de desculpas: de registos inacabados, de compilação irregular, de fracturas expostas, por aí abaixo, até ao título do EP: Em Bruto. A palavra bruto remete efectivamente para o que está em estado primário, sem lapidação nem lustro, prosseguindo toda a lógica de posicionamento do EP. Mas só até lermos a frase final de apresentação: “Agradecido [a Tiago Guillul] acedi, embrutecido compilei.”. Embrutecido. Abrutalhado. Punk? Sem mais nem menos, achamos toda a base de sustentação. O resto é conversa.
Em Bruto é composto por cinco temas ricos em si e entre si. De tudo um pouco. Há três produtores (Tiago Guillul, João Eleutério e Úria ele próprio), muitos cruzamentos de realidades musicais distintas, princípios estatutários (em “Teimoso”), Variações descarado (em “Ossos do Ofício”, luta entre a preguiça e a acção), cume criativo em “Barbarella e Barba Rala” (directamente para O Melhor De), descarga de energia em “Tigres Dentes de Sabre” e um oboé apaziguador em “Segreguei-te ao ouvido”. Se Pavlov trocasse a carne pela música de Samuel Úria, o cão pelos ouvintes dele, a campainha pelo anúncio de um novo disco, não nos tentem nem enganem. É científico que se não houver álbum novo em 2009, como prometido, não vamos parar de salivar.
Tiago GonçalvesA auto-explicação não é bem-vinda à arte: todo o delicado da música gosta de se ver à brocha para perceber referências ou localizar samples, sem que lhe seja dado tudo de barato. Se é o desafio que faz o melómano, Samuel Úria não foi muito feliz. Todas as canções estão explicadas, todas as referências identificadas, o bê-á-bá do universo criado não oferece grandes surpresas. Pelo menos aparentemente. É que as explicações soam aqui quase a pedido de desculpas: de registos inacabados, de compilação irregular, de fracturas expostas, por aí abaixo, até ao título do EP: Em Bruto. A palavra bruto remete efectivamente para o que está em estado primário, sem lapidação nem lustro, prosseguindo toda a lógica de posicionamento do EP. Mas só até lermos a frase final de apresentação: “Agradecido [a Tiago Guillul] acedi, embrutecido compilei.”. Embrutecido. Abrutalhado. Punk? Sem mais nem menos, achamos toda a base de sustentação. O resto é conversa.
Em Bruto é composto por cinco temas ricos em si e entre si. De tudo um pouco. Há três produtores (Tiago Guillul, João Eleutério e Úria ele próprio), muitos cruzamentos de realidades musicais distintas, princípios estatutários (em “Teimoso”), Variações descarado (em “Ossos do Ofício”, luta entre a preguiça e a acção), cume criativo em “Barbarella e Barba Rala” (directamente para O Melhor De), descarga de energia em “Tigres Dentes de Sabre” e um oboé apaziguador em “Segreguei-te ao ouvido”. Se Pavlov trocasse a carne pela música de Samuel Úria, o cão pelos ouvintes dele, a campainha pelo anúncio de um novo disco, não nos tentem nem enganem. É científico que se não houver álbum novo em 2009, como prometido, não vamos parar de salivar.
tgoncalves@bodyspace.net
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