17 Animales é um disco raro no catálogo da Acuarela. A editora madrilena aventurou-se por vezes em experimentalismos mas nunca com este profundidade. Poder-se-ia dizer mais: que este é um disco OVNI na música espanhola, pelo menos distante de nichos de música experimental bem identificados e espalhados por todo o país, aparentemente com poucas ligações entre si. Pela capa quase já se poderia adivinhar. Lá dentro, 17 Animales parece um conjunto de canções que não o chegam a ser; parece um agregado de introduções ou os últimos 25/30 segundos de uma canção com genes experimentais.

Para que tenhamos todos os elementos em cima da mesa os LA JR são Rafael Martinez Del Pozo na voz e guitarra eléctrica; Francisco Deborja nas vozes e piano; Frank Rudoq nas vozes e percussão e Laura Martinez Del Pozo nas vozes. Estes são os elementos – e mais nenhuns – que fazem a teia experimental de 17 Animales, que o transformam numa espécie de banda-sonora de um filme ainda por realizar. A abrir o piano é belíssimo; trágico. A percussão é esparsa e tranquilizadora. O tema chama-se “Ultima� mas podia estar em qualquer posição do disco e mesmo assim faria sentido.

Os destroços vão-se juntando pouco a pouco, naquilo que parece ser o tentar refazer de uma ou outra vida. 17 Animales tem uma qualidade cinematográfica interessantíssima, quer transpareça jazz aos bocados, pop minimalista ou experimentalismo sem sufixos ou demais categorizações. É um disco límpido, textural, que pode lembrar Boxhead Ensemble aqui ali, jazz nórdico acolá ou noise informado ali ao fundo. O que nunca parece é um disco gratuito. Felizmente, os LA JR sabem o que estão a fazer que não embarcam em experimentalismos primários ou vácuos.