DISCOS
Pete Greenwood
Sirens
· 01 Dez 2008 · 22:02 ·
Pete Greenwood
Sirens
2008
Heavenly Records / Nuevos Medios


Sítios oficiais:
- Pete Greenwood
- Heavenly Records
- Nuevos Medios
Pete Greenwood
Sirens
2008
Heavenly Records / Nuevos Medios


Sítios oficiais:
- Pete Greenwood
- Heavenly Records
- Nuevos Medios
Pete Greenwood é britânico mas quase canta a América como ninguém.
O peso da guitarra corcova, o dedilhar das cordas atrofia, o esgar do canto angustia. E nada disto é fado hiperbolizado, apenas o tormento sentido e verdadeiro que arrasta consigo todo o songwriter que compõe canções convictas e respeitáveis. Até pode nem ser verdade, mas temos pelo menos de acreditar nas manigâncias que a malta desta estirpe nos quer passar.

Pete Greenwood bem merecia mais ouvidos e almas esfrangalhadas à conta da sua música. É que se em tempos se disse que havia quem cantasse a América como ninguém, quase que se pode dizer que neste caso se canta a América como nenhum outro inglês o fez antes, e o sotaque é uma das deixas nesse sentido. Não sendo poético, é verdadeiro. Há uma bolha que enche e toma todos os cantos à casa do soturnismo e melancolismo próprios dos ambientes folk-rock além-Atlântico e os apropria como sendo seus.

Desde logo emociona esta espécie de genuidade, e genuidade é o tipo de adjectivo que se torna característica consumada quando um tipo diz que tem o dinheiro ao lado da cama para pagar a conta do funeral. Não se trata de levar a dor e a doença ao ponto da veneração incondicional e chutar tudo o resto fora do mercado concorrencial dos sentimentos que nos fazem. É apenas a verdade de expressar isso como tendência dos tempos que correm e fazê-lo muito, mas muito bem.

Sirens ainda é apenas a estreia em nome próprio de Pete Greenwood, guitarrista dos Loose Salute, a banda de Ian McCutcheon (Slowdive e Mojave 3). A perícia na guitarra é sempre patente e a influência nesse domínio parece vir quase totalmente do dedilhar de Nick Drake, presente em toda a transversalidade do disco. No resto é o Bob Dylan inicial, o Badly Drawn Boy de Hour Of The Bewilderbeast e o Ryan Adams de Heartbreaker, sem que Townes Van Zandt também nunca deixe de assomar.

“I woke around midnight and begged her to shoot out her sirens”, as primeiras palavras dos 30 minutos de música que Sirens, preparam para histórias pessoais contadas na primeira pessoa, sem ladainhas, mas com muito empenho e postura de ancião.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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