DISCOS
Inquiet
Inq Beyong
· 03 Nov 2008 · 12:25 ·
Inquiet
Inq Beyong
2008
Brother Sister Records


Sítios oficiais:
- Inquiet
- Brother Sister Records
Inquiet
Inq Beyong
2008
Brother Sister Records


Sítios oficiais:
- Inquiet
- Brother Sister Records
Lloyd Cole renascido num marasmo de sons espirituais ou a enésima cópia indesejável do filão Animal Collective.


O senhor em cima representado podia nestes dias arrecadar um bom dinheiro para os Animal Collective, optasse a banda norte-americana pela via judicial a cada vez que se escuta um plágio descarado num disco aspirante, e esses são muitos. Sabe-se hoje que devia ter sido patenteado o eco distintamente atmosférico, que envolve a voz de Noah Lennox em Sung Tongs de Collective, nos rituais amnésicos de Jane, por mão do DJ Scott Mou, e principalmente no marco Person Pitch, assumido pelo disfarce Panda Bear. O tal eco precioso podia já estar blindado, até porque é uma chatice ter de recapitular a genética dos Animal Collective sempre que alguém os emula. Os Yeasayer de All Hour Cymbals, por exemplo, declaravam a influência no fervoroso cântico de “2048”, mas essa passava bem como imitação de categoria. Para ser um forjador convincente, falta a Sam Szoke-Burke um critério básico, que salve este Inq Beyong da insignificância.

A localização australiana de Sam Szoke-Burke, o mago que conduz os Inquiet, facilita até uma óptima panorâmica sobre a música javanesa e toda a restante riqueza de metais que a Ásia oferece. O aproveitamento disso verifica-se a Inq Beyong. É, além disso, palpável a vontade de elevar melodias, entoadas em contínuo circular, até um ponto de celebração que ofereça também o seu domínio à entrada do sol. São sobretudo solares e límpidos os teclados e precursão cerimonial que formam a espinha dorsal de um disco, que, sofrivelmente, lá vai servindo postais do Tibete desnorteado e de outras paragens amalgamadas.

O pior acontece quando a deriva se instala e as canções, no seu sentido mais abrangente, passam a ser apenas aglomerados Frankenstein do que podiam ser recorrendo ao tal critério. Experimente-se, depois disso, imaginar Lloyd Cole a cantar no lugar de Panda Bear numa versão pessimamente articulada de “Cobwebs” (do EP Water Curses) e o resultado de tão risível desastre podia até ser “Fresh Flesh”, que é argumento cabal na associação aqui estabelecida. Só a morbidez presta atenção a Inq Beyong. Todas as restantes necessidades terminam insatisfeitas.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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