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Miimo
miimo / Live at Super Deluxe
· 27 Out 2008 · 13:15 ·
Miimo
miimo / Live at Super Deluxe
2008
Edição de autor


Sítios oficiais:
- Miimo
- Edição de autor
Miimo
miimo / Live at Super Deluxe
2008
Edição de autor


Sítios oficiais:
- Miimo
- Edição de autor
O dub japonês parece-se com uma especiaria elegante e cristalina quando verificado nas mãos dos miimo.
Aviso: O Bodyspace é completamente alheio a todas as questões legais envolvidas nas possíveis semelhanças entre o nome da banda e o de certo tarifário de chamadas lançado há vários anos. O próprio grafismo confunde-se.

O melhor será incidir a reflexão sobre a música que produz o trio japonês miimo, partindo quase sempre de um molde de produção dub e assumindo depois contornos que vão desde o interlúdio para banda-sonora até ao momento de improviso sem âncora assente. Por agora, a montra dos miimo divide-se entre um primeiro álbum homónimo e um registo ao vivo gravado no Super Deluxe, em Tóquio, a 30 de Julho de 2007. Ambos surgem num formato CD muito especial que tem uma superfície de vinil. A ambos reconhecem-se também imediatamente os sons emitidos pela steel pan de Yoshio Machida, que, integrado nos miimo, exerce uma função diferente da que o ocupa nos seus próprios discos: entrelaça os sons da sua vasilha de metal num fluxo mantido a seis mãos (em vez de duas), consente que os mesmos se dispersem à mercê da erosão dub quando, de outra forma, perduravam.

Manifestando a ponderação própria de estúdio, miimo vale essencialmente por demonstrar até que ponto pode ir o dub como instrumento de expansão para exercícios electro-acústicos nem sempre muito distintos. “Dub no. 5”, por exemplo, sumariza a abordagem dos miimo ao dub, deixando intacta a erupção de ruídos produzidos em laptop, mas afundando em delay tudo o resto. E por “resto” entenda-se a steel pan perfumada (instrumento de origem caribenha, logo em casa) e todo o moderado relevo rítmico surgido de um baixo e de uma bateria que se namoram como se se tivessem conhecido num disco da trilogia de Pole (um dos pais do dub digital). Tal como os Mute Beat, nome do dub japonês que, à custa da colaboração com Lee “Scratch” Perry, atravessou algumas fronteiras, os miimo usufruem do género como se este fosse um jogo de sobreposições em que só perde quem o leva a sério. O dub aqui é lúdico.

Ao vivo, a presença do contrabaixo transporta os miimo para um enquadramento quase Cinematic Orchestra, com direito a perseguições amigáveis entre os três pilotos em cena. Comparado com o seu homólogo de estúdio, Live at Super Deluxe revela-se muito mais sólido e cativante, mesmo que seja formalmente mais solto nas suas mutações sustentadas sem fim à vista.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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