DISCOS
Brad Mehldau Trio
Live
· 08 Out 2008 · 10:00 ·
Brad Mehldau Trio
Live
2008
Nonesuch


Sítios oficiais:
- Brad Mehldau Trio
- Nonesuch
Brad Mehldau Trio
Live
2008
Nonesuch


Sítios oficiais:
- Brad Mehldau Trio
- Nonesuch
Mehldau regressa com o seu trio em dose dupla, ao vivo e com muitas covers.
Já sabíamos que Brad Mehldau é um dos mais talentosos músicos da sua geração, um dos mais reputados pianistas da actualidade. Com o seu trio já desenvolveu um importante “body of work”, desde os cinco volumes The Art of the Trio (1997-2001) até ao último Day Is Done (2005). Agora o trio regressa com um novo disco, um duplo gravado ao vivo que reúne uma quantidade grande de temas, entre covers e originais.

Também já se sabia que Mehldau sempre gostou de surpreender, interpretando temas pouco comuns do cancioneiro jazz tradicional, inovando na escolha do repertório – já se tornou habitual vê-lo a improvisar a partir de melodias dos Radiohead ou Nick Drake. Desta vez as escolhas recaíram sobre temas dos Oasis (o hino britpop “Wonderwall”, e afinal não deram ao mundo apenas o penteado “franja-longa-para-rapaz”), Chico Buarque (o tema “O Que Será?”, do disco “Meus Caros Amigos” de ‘76), Soundgarden (o clássico grunge “Black Hole Sun”).

Mais uma vez as melodias são o ponto de partida para Meldhau se aventurar em novas configurações, sempre evidenciando sinais de uma imensa personalidade lírica. E se é verdade que nem sempre a melodia é o mais importante, Mehldau trata-a sempre com enorme reverência, nunca a deixando de lado a propósito de reinvenções subversivas. É a melodia que conquista o ouvinte e é a ela que o pianista regressa sempre, por muitas voltas que dê – e Mehldau sabe dar muitas.

Quer se atreva a trabalhar originais, a refazer standards (“The Very Thought of You” e “More than You Know” são veludo sem qualquer mofo) ou a reinventar clássicos pop (e nós já o tínhamos visto a dar a volta aos originais do Chico ou dos Soundgarden no CCB), Mehldau consegue sempre impregnar a sua música com uma elevada dose de originalidade e frescura – coisas de uma modernidade não-forçada, num perigoso campo de trabalho onde é fácil deslizar para a banalidade ou para a inconsequência.

Com Larry Grenadier (contrabaixo) e Jeff Ballard (bateria) aliados sob um óptimo sentido de unidade, o pianista desenvolve neste Live mais um muito interessante capítulo na carreira, onde a música nunca se deixa apanhar pela sombra da previsibilidade e, simultaneamente, consegue evocar quase em permanência um vigoroso lirismo.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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