DISCOS
Metallica
Death Magnetic
· 06 Out 2008 · 18:11 ·

Metallica
Death Magnetic
2008
Warner Bros. / Vertigo
Sítios oficiais:
- Metallica
- Warner Bros.
- Vertigo
Death Magnetic
2008
Warner Bros. / Vertigo
Sítios oficiais:
- Metallica
- Warner Bros.
- Vertigo

Metallica
Death Magnetic
2008
Warner Bros. / Vertigo
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- Metallica
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Death Magnetic
2008
Warner Bros. / Vertigo
Sítios oficiais:
- Metallica
- Warner Bros.
- Vertigo
Não regressam num cavalo branco, mas são o D. Sebastião do metal. Têm a fama e o proveito, mas descuidaram a essência.
A sofrer de doença prolongada, os Metallica travam este ano mais uma batalha pela sobrevivência com o lançamento de Death Magnetic. Os antecedentes não são de bom agoiro e, após mais esta operação, o diagnóstico ainda se mantém reservado. Quando nos anos oitenta, os riffs tremendos dos norte-americanos se apresentaram sem concorrência à altura, a banda criara a sua marca registada, intocável para os fervorosos amantes do metal “sem espinhas”. Esses, no entanto, haveriam de sofrer a bom sofrer quando a banda padeceu de um primeiro enfarte, fruto da sua vontade de conceber metal para quem nunca gostou de metal. Por essa altura, davam a conhecer ao mundo o seu “Black Album”. Seguiram-se os hematomas Load e Reload e os Metallica entrariam em coma com St Anger. Em 2008, após muitas rezas ( banalizou-se a ocorrência de seguidores de metal tornarem-se cristãos confessos), a banda de James Hetfield parece querer entrar na ala de reabilitação.
Depois da tempestade, os Metallica idealizaram um suposto regresso às origens como remédio para todos os seus males. Assim sendo, resolveram deixar-se de experiências lastimosas e recuperar aquilo que os consagrou antes de todos os desaires. Como na parábola do filho pródigo, o regresso dos Metallica aos grandes solos, composições em formato épico (quase todas a rondar os 7’) e andamentos em aceleração deflagra inevitavelmente em ondas de comoção. Há, no entanto, neste regresso, mais encenação do que arrependimento e o resultado final não é tão pródigo quanto pretendem divulgar. Eles até nem são néscios e, para reforçar a ideia de que voltaram a sentir uma pulsão heavy, convocaram o produtor Rick Rubin, que conhecemos do trabalho com os Slayer. A produção a cargo de Rubin e só uma das faces da medalha. Há que ver que a banda não se furta a promover o seu regresso em programas de entretenimento ao lado de figuras como Carla Bruni. Mostram-se apostados em seduzir de novo os fãs da velha guarda, mas há que manter por perto todos os potenciais consumidores de discos de ocasião. Querer agradar a gregos e a troianos nunca foi uma boa máxima para um executante do género metal.
Deslumbrados com a ideia de voltarem a vender discos em catadupa, numa altura em que poucos se podem agarrar a essa fonte de rendimento, os Metallica encenaram a ressurreição dos tempos áureos em que aliavam imaginação ao virtuosismo. No presente, muita coisa mudou. A urgência de sentir um riff assombroso explodir nas mãos e engendrar a mais incrível das progressões não é a mesma. E casos há, em que deu mesmo lugar a uma apatia criativa. O elo mais fraco do trabalho que agora apresentam é a bateria, com Lars Ulrich, displicente, à espera que o baixo compense a falta de soluções (aka monotonia) que sobressai do confronto entre temas. Por sorte, o baixo encontra-se a cargo de Robert Trujillo, que vê neste “Death Magnetic” uma prova de fogo, visto tratar-se do primeiro registo que grava com a banda, desde que veio substituir o desertor Jason Newsted. A motivação de mostrar virtudes acarreta alguns bons frutos. De resto, alguns dos apontamentos que chamam mais a atenção, no que concerne aos restantes elementos do colectivo, são muitas vezes reaproveitamentos de patentes antigas. Reciclar para sobreviver.
Death Magnetic abre com a sugestão do metal apoteótico com secção rítmica frenética, que caracterizou o néctar de outros tempos. “That Was Just Your Life”, que inaugura o programa de festas do álbum, sai praticamente ileso das pedradas no charco, mas muita coisa ainda virá. Mais dois épicos de batida avassaladora e lá está ele, o single que vai colocar novamente os Metallica na mira dos acérrimos defensores do “Black Album” de 1991. “The Day That Never Comes” é o primeiro sinal de regresso às “suites”, a bem dizer a meio caminho entre o metal “thrash” e o sinfónico. “The Unforgiven III” é o momento menos articulado do conjunto, uma manobra dispensável de convocar a glória passada sem aplicar um update contundente. Ainda que o tivessem feito, não é difícil perceber que é nas incursões mais declaradamente heavy metal que os Metallica angariam mais pontos. Death Magnetic, apesar de parecer mais do que aquilo que é, mostra uma banda a correr atrás do prejuízo que sofreu com os últimos lançamentos, recolocando-a numa posição confortável. Foi por pouco que não caíram desamparados no lodo.
Eugénia AzevedoDepois da tempestade, os Metallica idealizaram um suposto regresso às origens como remédio para todos os seus males. Assim sendo, resolveram deixar-se de experiências lastimosas e recuperar aquilo que os consagrou antes de todos os desaires. Como na parábola do filho pródigo, o regresso dos Metallica aos grandes solos, composições em formato épico (quase todas a rondar os 7’) e andamentos em aceleração deflagra inevitavelmente em ondas de comoção. Há, no entanto, neste regresso, mais encenação do que arrependimento e o resultado final não é tão pródigo quanto pretendem divulgar. Eles até nem são néscios e, para reforçar a ideia de que voltaram a sentir uma pulsão heavy, convocaram o produtor Rick Rubin, que conhecemos do trabalho com os Slayer. A produção a cargo de Rubin e só uma das faces da medalha. Há que ver que a banda não se furta a promover o seu regresso em programas de entretenimento ao lado de figuras como Carla Bruni. Mostram-se apostados em seduzir de novo os fãs da velha guarda, mas há que manter por perto todos os potenciais consumidores de discos de ocasião. Querer agradar a gregos e a troianos nunca foi uma boa máxima para um executante do género metal.
Deslumbrados com a ideia de voltarem a vender discos em catadupa, numa altura em que poucos se podem agarrar a essa fonte de rendimento, os Metallica encenaram a ressurreição dos tempos áureos em que aliavam imaginação ao virtuosismo. No presente, muita coisa mudou. A urgência de sentir um riff assombroso explodir nas mãos e engendrar a mais incrível das progressões não é a mesma. E casos há, em que deu mesmo lugar a uma apatia criativa. O elo mais fraco do trabalho que agora apresentam é a bateria, com Lars Ulrich, displicente, à espera que o baixo compense a falta de soluções (aka monotonia) que sobressai do confronto entre temas. Por sorte, o baixo encontra-se a cargo de Robert Trujillo, que vê neste “Death Magnetic” uma prova de fogo, visto tratar-se do primeiro registo que grava com a banda, desde que veio substituir o desertor Jason Newsted. A motivação de mostrar virtudes acarreta alguns bons frutos. De resto, alguns dos apontamentos que chamam mais a atenção, no que concerne aos restantes elementos do colectivo, são muitas vezes reaproveitamentos de patentes antigas. Reciclar para sobreviver.
Death Magnetic abre com a sugestão do metal apoteótico com secção rítmica frenética, que caracterizou o néctar de outros tempos. “That Was Just Your Life”, que inaugura o programa de festas do álbum, sai praticamente ileso das pedradas no charco, mas muita coisa ainda virá. Mais dois épicos de batida avassaladora e lá está ele, o single que vai colocar novamente os Metallica na mira dos acérrimos defensores do “Black Album” de 1991. “The Day That Never Comes” é o primeiro sinal de regresso às “suites”, a bem dizer a meio caminho entre o metal “thrash” e o sinfónico. “The Unforgiven III” é o momento menos articulado do conjunto, uma manobra dispensável de convocar a glória passada sem aplicar um update contundente. Ainda que o tivessem feito, não é difícil perceber que é nas incursões mais declaradamente heavy metal que os Metallica angariam mais pontos. Death Magnetic, apesar de parecer mais do que aquilo que é, mostra uma banda a correr atrás do prejuízo que sofreu com os últimos lançamentos, recolocando-a numa posição confortável. Foi por pouco que não caíram desamparados no lodo.
eugeniaazevedo@bodyspace.net
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