DISCOS
My Brightest Diamond
A Thousand Shark's Teeth
· 08 Set 2008 · 08:00 ·
My Brightest Diamond
A Thousand Shark's Teeth
2008
Asthmatic Kitty / Sabotage


Sítios oficiais:
- My Brightest Diamond
- Asthmatic Kitty
- Sabotage
My Brightest Diamond
A Thousand Shark's Teeth
2008
Asthmatic Kitty / Sabotage


Sítios oficiais:
- My Brightest Diamond
- Asthmatic Kitty
- Sabotage
Shara Worden assina disco poderoso, por mais sereno ou tumultuoso que seja o território. Cenas de uma voz em estado de graça.
No seu primeiro disco Shara Worden surgia na capa acariciando um cavalo numa imagem em tudo ilustrativa daquilo que se passava dentro do disco. Neste novo disco a capa tem uma imagem igualmente forte. Em tamanho reduzido, um escadote, um acordeão (talvez uma referência ao seu pai, campeão nacional do género) e uma mulher como que mostrando sublinhar a relatividade das coisas e a perspectiva de um humano em tão imenso universo. Dentro, A Thousand Shark's Teeth é aquilo que se imaginava de alguém que assinou um disco como Bring Me The Workhorse: canções ora viscerais, ora luminosas: mas invariavelmente intensas.

“Inside a Boy” é instantaneamente, e logo a abrir o disco, uma prova de fogo e vitalidade. Crua, directa e um tudo ou nada furiosa, a opener do segundo disco da senhora de Brooklyn, exibe muitos e bons pontos de interesse: a voz sempre urgente (não será para todos, mas a sua força é indiscutível), as guitarras irascíveis e a beleza a querer fugir ali ao fundo nas cordas e no que sobra dos instrumentos. “Ice & the Storm” é o oposto. Sempre serena, vai-se construindo plana – com percussão esparsa e harpa – e sem que se dê por isso explode calmamente numa beleza inquietante (desculpem os ziguezagues). As cordas ajudam, é certo, mas a voz de Shara Worden impressiona ainda mais.

“If I Were a Queen” confirma um inicio de disco perfeito. Mais sossegada e minimal do que qualquer outra – por vezes quase a cappella – vai permitindo a graça a arranjos cuidados de cordas e alguma luz. Pode não ser tão forte como o inicio, mas o que resta de A Thousand Shark's Teeth - e são mais 8 canções – não são canções para encher chouriços. A intensidade continua, e também as canções com arranjos cuidados – há ainda marimbas, vibrafones, clarinetes e outros instrumentos de sopro. Há canções como “Like a Sieve”, género de cantar da sereia por entre tonalidades nem sempre associadas a estas andanças. Por tudo isto – e mais alguma coisa - A Thousand Shark's Teeth é um disco para ir descobrindo ao ritmo de cada um.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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