DISCOS
Eric Lau
New Territories
· 11 Jun 2008 · 08:00 ·
Eric Lau
New Territories
2008
Ubiquity Records


Sítios oficiais:
- Eric Lau
- Ubiquity Records
Eric Lau
New Territories
2008
Ubiquity Records


Sítios oficiais:
- Eric Lau
- Ubiquity Records
Sem erguer um disco com um discurso soul excessivamente convencido, Eric Lau estreia-se calmo e muito seguro do futuro diante de si.
Atacar o mundo de uma assentada, sem rodeios ou discursos ocasionalmente perfeitos parece ser a solução ideal para evitar que a cotação em bolsa de um projecto não desvalorize ao ponto do prejuízo. O tempo e, concretamente, a oportunidade são elementos fundamentais na gestão de expectativas. Seja na economia, seja, numa dimensão diferente, a produção de música. Porque saber aproveitar a oportunidade quando ela se apresenta e de imediato expor ao mundo os desejos e ambições não é sinónimo de oportunismo assoberbado, muito menos indicador de falta de estratégia, mas sim um sinal de compreensão e qui ça sabedoria.

Para exemplo do argumento no parágrafo anterior esteve a falta de entendimento da conjectura pelos SA-RA que, tendo-lhes sido oferecido o mundo numa bandeja, não souberam-se apresentar com a firmeza que os primeiros EP´s demonstraram. O tempo e a oportunidade escapou-lhes por entre os dedos e quando pretenderam que o mundo os recebesse de braços abertos, foram ignorados – também muito pela falta de ideias que o álbum debutante expôs. Conclusão? Deles nunca mais ninguém quis saber.

Com o lugar deixado vago pelos norte-americanos, não tardou quem o preenchesse. E bastou um pouco de atenção de personalidades como Benji B ou Gilles Peterson para que alguém se aproximasse e incentivasse um jovem produtor de 26 anos a erguer um pequeno epítome de soul modernista. E sem pretender ser grande logo no primeiro conjunto de exercícios, Eric Lau apresenta-se calmo e confiante com um disco sedutor, perceptivo e bastante consistente.

New Territories não desbrava o mato denso da pura soul – apesar dos sinceros desígnios dos vocalistas convidados –, antes permite que ela se deixe contaminar pelo hip-hop esquelético – que tantos elogios valeram a Spacek –, o jazz abstracto e transversal – que J Dilla explorou insistentemente enquanto criava o beat perfeito - ou ímpetos funk e que todos os elementos fundidos construam uma sonoridade despretensiosa mas simultaneamente desejosa patamares mais transcendentais. E mesmo não havendo grandes inconvenientes nos elementos que constituem esta elegante amalgama, também não há nada que nos permita eleger New Territories como a “coisa” que mais falta estava a fazer neste ano. Mesmo assim escute-se com atenção os desejos de perfeição que «Final Chance» ou «Free It Out» transmitem. Pequenas pérolas que enriquecem o panorama, mas, mais importante, enchem de esperança a alma da humanidade. Uma estreia interessante.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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