DISCOS
Taunus
Harriet
· 04 Jun 2008 · 08:00 ·
Taunus
Harriet
2007
Ahornfelder


Sítios oficiais:
- Taunus
- Ahornfelder
Taunus
Harriet
2007
Ahornfelder


Sítios oficiais:
- Taunus
- Ahornfelder
Ensemble onde alinha F.S.Blumm esconde-se à sombra de árvore alegórica que dá frutos perfumados de acústica.
Juntam-se as peças a Harriet e torna-se evidente que por aqui andará um disco que garante pé de igualdade aos instrumentistas convocados, sem deixar de ter como torres de controle Jochen Briesen e Jan Thoben, guitarristas alemães afeiçoados às cordas de metal e principais responsáveis pela composição do segundo disco de Taunus, que se adequa a uma escuta caseira, tal como podia servir como acompanhamento a uma peça de teatro ou de bailado. Entenda-se, a partir de agora, Taunus como ensemble de linguagens francas, organizada casa comum receptiva à intervenção de alguns improvisos espontâneos, célula de orgânica aberta simpaticamente disposta a assimilar novos músicos (de toda a parte) e a estabelecer múltiplos laços entre os residentes. Harriet, disco baptizado com o nome da tartaruga de Charles Darwin, sopra no sentido da mais envolvente e adocicada brisa, mas, assim que se esgotam os seus 33 minutos, pouco sobra de conclusivo.

O resguardar, que leva Harriet a ser pouco extrovertido na exibição da sua (dominante) preciosidade acústica, é até manobra que se espera de um disco que se satisfaz com os seus próprios pequenos prazeres: maravilha-se com a levitação colectiva dos seus instrumentistas – às vezes obtida com o fingerpicking matinal – e perde-se ocasionalmente num aglomerado gasoso que torna indefinidos os contornos da canção (mapa sem legenda por aqui). Acaba por ser necessária a intervenção da transparência folk para conduzir a canção, sem a deixar perder entre as liberdades tomadas por músicos como Wilm Thoben e F.S. Blumm (nome preponderante no catálogo da Ahornfelder que lança o disco). A elegia dessa liderança rende momentos que podiam até conhecer a assinatura de Sufjan Stevens ou Sam Beam (Iron & Wine), estivessem os dois mais interessados em escrever exercícios oníricos que não largam âncora a fórmulas clássicas. O tempo passa-se bem com e sem Harriet.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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