DISCOS
Jennifer Gentle
The Midnight Room
· 27 Mai 2008 · 08:00 ·
Jennifer Gentle
The Midnight Room
2007
Sub Pop / Popstock


Sítios oficiais:
- Jennifer Gentle
- Sub Pop
- Popstock
Jennifer Gentle
The Midnight Room
2007
Sub Pop / Popstock


Sítios oficiais:
- Jennifer Gentle
- Sub Pop
- Popstock
Italianos lançam disco estranha com gente estranha dentro e vivem bem com isso. Um dos discos esquecidos de 2007?
Ao entrar-se em The Midnight Room pela porta da frente, “Twin Ghosts”, é possível perceber de que mundo falamos. Os italianos Jennifer Gentle, cada vez mais confinados à mente de Marco Fasolo, são apologistas da música psicadélica, devedora a Syd Barrett e mesmo aos Pink Floyd que se seguiram ao desaparecer do génio. Os teclados de “Twin Ghosts”, as melodias fantasmagóricas que se levantam, a voz saída do armário e a sensação de se estar a percorrer áreas impenetráveis do cérebro, estabelecem o tom deste estranho disco, mais uma vez editado na Sub Pop, que terá visto nos Jennifer Gentle o recuperar de sensibilidades desejáveis para a editora.

O título é certeiro. Este é um disco que não deseja ver a luz do dia; que anseia ser revelado quando a escuridão já se impôs. Misterioso, bizarro, segue muitas vezes as pisadas de The Piper at the Gates of Dawn; a confinação a um espaço fechado, quase claustrofóbico, onde canções de vestem de loucura e arranjos que se não foram retirados de sonhos saíram certamente de pesadelos. Tal como acontece no primeiro disco dos Pink Floyd, também em The Midnight Room se sublinha um espaço aberto à imaginação, sem território marcado no mapa e sem idade definida. “It’s in her Eyes”, em modo de canção aberta à demência, encapsula na perfeição as últimas ideias aqui defendidas.

“The Ferryman”, a deixar escapar muita beleza nas guitarras (em cascata) e nas vozes (imersas em efeitos mil), e assume-se como uma das canções mais bem conseguidas do disco. “Mercury Blood” é capaz de ganhar no campeonato fantasmagórico. A coerência que se verifica em todo o disco (não confundir com redundância), é o resultado óbvio do concretizar de uma fantasia que se queria una. E mesmo nessa coerência, há espaço suficiente para que, a cada audição, se vá descobrindo um novo ângulo à coisa. Resultado da inteligência dos Jennifer Gentle, The Midnight Room até termina perto dos 37 minutos, o tempo ideal para mergulhar na mente de Marco Fasolo. Para consumir de forma responsável.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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