DISCOS
Tapes n' Tapes
Walk It Off
· 21 Abr 2008 · 08:00 ·
Tapes n' Tapes
Walk It Off
2008
XL / Popstock


Sítios oficiais:
- Tapes n' Tapes
- XL
- Popstock
Tapes n' Tapes
Walk It Off
2008
XL / Popstock


Sítios oficiais:
- Tapes n' Tapes
- XL
- Popstock
Esperanças indie falham em termos de progressão ao enterrarem-se em lodo neutro e indistinto.
Ó maldita sina que trucidas uma coqueluche indie sem antes permitires que deixe cair os dentes de leite! Que malvadez a tua quando - distraidamente – fazes com que um céu de expectativas desabe sobre os pobres Tapes n’ Tapes quando ainda só ainda iam neste segundo longa-duração, depois de, com o debute The Loon, terem sido anunciados como a oitava provável salvação de todo o indie que aspira à reputação e lenda dos sagrados Yo La Tengo.

Claro que, após proclamada a abertura à caça da bruxa-hype, é certamente mais fácil juntar a voz ao coro de rejeição, mas não deixa de ser exasperadamente difícil descobrir eufemismos para avaliar o resultado global do geralmente insípido Walk It Off. O disco não é assim tão mauzinho – é possível ser-se eloquente na descrição do riff monolítico que dá barbas stoner a “Blunt” e não parece mal calçar uns tacões e apontar o dedo à esfera de espelhos ao som da disco martirizada do single “Hang Them All”. O pior é quando uma banda confia na quase sempre afectada voz nasal de Josh Grier como recurso de sobrevivência, estando condenada a morrer a cada vez que – desencontrados e desesperados - a guitarra e teclados não produzem qualquer faísca na sua fricção.

Ou alguém duvida de que os Modest Mouse e o génio lírico de Isaac Brock podiam actualmente ser duas das mais admiráveis entidades musicais, caso nunca tivessem abandonado a alçada da K Records (e a protecção de Calvin Johnson) e partido à conquista da popularidade global? Phil Elvrum (Mt.Eerie) ficou-se por casa, deu-se bem com esse sedentarismo construtivo e continua a fazer música francamente inspiradora. Walk It Off percorre página a página a agenda da tradicional banda afectada pela síndrome Modest Mouse: quer preservar a sua estranheza, e contar, mesmo assim, com guitarras amigáveis à agitação da anca. Procura servir momentos grandiosos, sem que, mesmo assim, esses deixem de transparecer o intimismo genuíno de quem ama as paredes da garagem como se estivesse em casa. Não se pode ter tudo, quando se quer ser carne e peixe ao mesmo tempo. Na verdade, Walk It Off não chega sequer a provocar aborrecimento como corda ao pescoço da paciência, mas denuncia por toda a parte uma crise que o impede de tomar uma direcção rumo a qualquer paragem que não esta.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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