DISCOS
DJ DSL
#1
· 11 Jan 2003 · 08:00 ·
DJ DSL
#1
2002
G-Stone


Sítios oficiais:
- G-Stone
DJ DSL
#1
2002
G-Stone


Sítios oficiais:
- G-Stone
D de “DJ”, S de “Super” e L de “Leiwand” (nada menos que “excepcional”, em alemão). Dizem-se as três letras de seguida e pouco mais surge que o justificado receio de estar perante mais uma proposta de banda larga... Bem, e lá que é de deixar a cabeça à banda, é.
Se parece indiscutível que o senhor não será propriamente modesto, acontece que “DJ DSL” não é algo que se costume ouvir dizer muito amiúde. Não por falta de rodagem: Stefan Biedermann é o mais conceituado disco jockey do seu país natal, a Austria, suportando esse estatuto ao longo de uma série de anos e remixes que culmina agora com o lançamento, pela G-Stone, de “#1”.
Alto lá, falou-se de Áustria, falou-se de G-Stone... Kruder&Dorfmeister, pois é. Nem mais, “#1” é um disco de remisturas que visita consagrados como Peter Kruder/Peace Orchestra, Total Chaos e Commercial Break Up. Tendo o hip-hop como referencial, juntam-se uns pozinhos de funk, latin, soul e de jazz (sempre sem fazer caretas), sampla-se uma ou outra coisa cuja origem não será tranquilizadora para quem ler antes de ouvir (“aquilo” É mesmo dos Vengaboys), mistura-se com mestria e...

...o resultado é, antes de mais, uma festa. Alegria, boa-disposição e perto de noventa por cento do que será necessário para deixar qualquer um a dançar sozinho com cara de parvo por tempo indeterminado. Começando por “Happy Bear”, que abre em grande as hostilidades: um piano e uma voz ingénua que, totalmente trucidada por DSL, dá origem aos minutos mais hilariantes que me lembro de ouvir de há muito a esta parte. Que grande felicidade que é ter um amigo destes...
Outro dos pontos mais altos é “Double Drums”, original de Peter Kruder, exemplo cabal de como uma remistura pode ser tudo o que a música de origem é, e até mais. Neste caso, muito mas muito mais. Ritmo contagiante e exclamações de prazer, hip-hop e o aviso: “this is a remix”, e os louros são mais que merecidos.
Todo o disco se desenvolve por este fio condutor, variando de faixa para faixa mas sempre com muito groove, o elemento comum e omnipresente. Nunca se torna redundante, algo não tão fácil de conseguir no espaço em que “#1” se movimenta. Sem se esgotar e confinar ao seu habitat natural (a pista de dança, claro), sobrevive à audição tranquila fruto da sua minuciosidade: há sempre um beat delicioso ou uma voz que se entranha no cerebro e se repete infinitamente, sendo talvez “I L.O.V.E. You” – o único tema incluído cujo original é do próprio DJ DSL – um dos melhores exemplos disso mesmo.

Ao mesmo tempo que se vai ouvindo dizer por aqui e por ali que já não sai discos de musica de dança como antigamente, e que Matthew Herbert é o único que vai suportanto a barra, DJ DSL proporciona uma lufada de ar fresquíssimo a quem tiver a sorte de encontrar e conhecer o seu trabalho. Que não será tanta gente assim (pelo menos entre nós), a julgar pela escassez de informação e divulgação desde o lançamento do album, há cerca de dois meses. Não deixa de ser uma pena, já que “#1” faz juz às tradições de qualidade da cena austríaca e à tendência da G-Stone para editar discos que acabam por tornar-se referências e marcos duradouros.
Carlos Costa

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