DISCOS
Benga
Diary Of An Afro Warrior
· 10 Abr 2008 · 08:00 ·
Benga
Diary Of An Afro Warrior
2008
Tempa


Sítios oficiais:
- Benga
- Tempa
Benga
Diary Of An Afro Warrior
2008
Tempa


Sítios oficiais:
- Benga
- Tempa
No dubstep a gestão vai sendo feita de fair-divers camuflados que em estorvos coloridos desviam os incautos para a ilusão da novidade.
O dubstep tem, como é natural nos hypes que surgem espontaneamente a galgar as margens, desiludido pelo impasse. É certo que tem mantido alguma aura de experimentação underground que lhe tem permitido gerir os dias cinzentos com acuidade cautelosa. Não se estranhe então que haja cada vez mais inícios que apontam para uma crescente infertilidade de um campo que já deu melhores frutos.

Benga, tal como Skream, Hatcha ou Youngsta, foi um dos pioneiros divulgadores do género. Cedo apercebeu-se das potencialidades do vínculo do dub ao 2 step e da promiscuidade do excesso do sub-baixo como motor narcótico numa sala enevoada pela economia sonora. As edições regulares em pequeno formato permitiram-lhe o lendo desenrolar do estilo e da experiência como se de tubos de ensaio se tratassem. Neles esboçaram-se as linhas primarias que subtraíram o elemento soul na equação do uk garage e, enquanto se recuperavam as reverberações do dub perdidas no drum n’ bass assoberbado, acrescentou-se a tensão urbana característica do pesadelo futurista.

No debutante de Benga, New Step (2006), a novidade foi favorecendo com interesse a falta de génio, tendo-se remediado um álbum pertinente de ideias cruzadas que veiculavam primariamente os princípios do dubstep adolescente. À segunda os intentos não se distanciam significativamente da já esperada substância. Entre a envergonhada introdução do jazz ou a inoculação corrupta do techno enchamboado, nada de extraordinário é debitado de Diary Of An Afro Warrior. Apesar de pontuais e anormais extrapolações dubstep de aprumado sentido estético – "E Trips" talvez seja o mais evidente exemplo – que resgatam da impávida paciência um sorriso, a percepção de uma produção carregada de maquilhagem digital ilude a evidente falta de estratégia de quem já se habituou à desenfreada produção em linha de irrelevâncias sonoras.

É óbvia vantagem do pequeno formato – preferido pela maioria dos produtores – em desprimor do conceptualismo que um álbum exige. No entanto, também é evidente o enfadadiço da repetição de fórmulas dos longa-duração nascidos do empilhamento do excesso de produção. Sem dúvida estorvos inócuos na ausência de sentido maior responsabilidade, senão mesmo testemunhos da falta de engenho na construção de música com instinto de sobrevivência.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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