DISCOS
V/A
A Neu Jazz
· 19 Fev 2008 · 08:00 ·
V/A
A Neu Jazz
2007
Sonar Kollektiv


Sítios oficiais:
- Sonar Kollektiv
V/A
A Neu Jazz
2007
Sonar Kollektiv


Sítios oficiais:
- Sonar Kollektiv
Entre o desejo da perfeição e a obsessão cabal pelo exemplar há um espaço onde a harmonia intelectual rege o espírito ecléctico e conduz a sabedoria na escolha modelar.
Não há duvidas que os Jazzanova são o principal sustento da Sonar Kollektiv. Só assim se entenderá o motivo pelo qual patenteiam um número assinalável de antologias editadas pela etiqueta que gerem. É óbvio que os Jazzanova têm o nome associado à qualidade. E é evidente que boa parte das suas antologias têm motivos espaventosos capazes de despertar a curiosidade e o natural desejo de descoberta. Por outras palavras, com elas tem-se aprendido a apreciar o equilíbrio sensato entre o universo do que é familiar e a obrigatória exposição da novidade.

No caso da mais recente antologia os Jazzanova não se ficam apenas nas escolhas equilibradas dos nomes. Neu Jazz tem um propósito ao qual a escolha do título não passará indiferente aos melómanos. E se se interpretar correctamente o press-release, também não passará despercebido o intento de uma escolha que procura alguma revitalização do nu-jazz. Poderá parecer confusa a ideia de regenerar o que por si só já é novo. Mas talvez seja mesmo esse o "golpe de cintura" pretendido: obrigar a distinguir a qualidade destas produções e destes artistas, e as causas ao qual se dedicam, da mediocridade dos restantes sobreviventes.

Neu Jazz possui a alma e a verticalidade de uma geração empenhada na desconstrução dos moldes clássicos do jazz – e as suas diversas escolas – e esforçada na escrita criativa. Contundente na essência musical que procura expor, Neu Jazz não só apresenta nomes evidentes e firmados (2 Banks of 4, Fertile Ground ou Jazzanova) como abre a porta da comunidade a novos espíritos (Dalindeo, Sleep Walker, Hipnosis ou Little Dragon). Talentos que se lançam com alguma naturalidade em estimulantes especulações que têm, por exemplo, Miles Davis, António Carlos Jobim, The Jazz Messengers (de Art Blakey) ou Chico Hamilton por inspiração.

E não se pense que a electrónica, ao qual o nu-jazz também está associado, domina as operações de estúdio. Pelo contrario. O som é orgânico, vivo espiritualmente e pragmaticamente dividido entre os princípios do cool-jazz da década de 50, o jazz-modal e a bossa-nova prevalecente nos anos 60 e 70 e o espírito ancestral da eterna mãe África.

Destaque merecido para as magníficas prestações de Hipnosis (numa analogia às vicissitudes da vida representado na forma de um “Carrousel”), Quasimode (na imperiosa ode aos derradeiros momentos de prazer dos últimos nove dias), Fertile Ground (e o invulgar elogio à simplicidade da intemporalidade poética), Jazzanova (na mais recente e original reconstrução de "That Night") e Hajime Yoshizawa (aqui revistos pelos luzentes 2 Banks of 4). Resumindo de forma sintética: Neu Jazz é ecléctico e muito recomendado.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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