DISCOS
FS Blumm / Luca Fadda
FS Blumm meets Luca Fadda
· 25 Jan 2008 · 08:00 ·
FS Blumm / Luca Fadda
FS Blumm meets Luca Fadda
2007
Ahornfelder


Sítios oficiais:
- FS Blumm / Luca Fadda
- Ahornfelder
FS Blumm / Luca Fadda
FS Blumm meets Luca Fadda
2007
Ahornfelder


Sítios oficiais:
- FS Blumm / Luca Fadda
- Ahornfelder
Diálogo intimista, sucedido em modo de jazz pueril, sofre por grave falta de edição.
F.S. Blumm meets Luca Fadda morre antes mesmo de chegar à praia. Assume-se como resultado espontaneamente surgido a partir de um laboratório de empatia mantido informalmente pelo multi-instrumentista alemão F.S. Blumm e o trompetista Luca Fadda, confiando, a partir desse mote, que o deslumbramento interno contagia a curiosidade externa. Contudo, nem sempre o prazer pessoal e afinco que se sentem a um projecto garantem automaticamente uma adesão minimamente sólida ao mesmo. Ao que parece, alguém mediu mal o alcance da confiança e acreditou que alongar os exercícios desenvolvidos seria solução para saciar os convertidos. Porém, a ignição teima em tardar e o foguetão nunca chega a abandonar a plataforma.

Isto porque é demasiado falível o diálogo intimista que desenvolvem, ao longo de seis peças enquadradas num âmbito de jazz pueril, F.S.Blumm, com as mãos assentes sobre os seus mil recursos, e Luca Fadda e um trompete digitalmente adulterado que oscila e depois volta à sua compostura elegante. Ambos constam como anfitriões polares que concordam em convidar para a tertúlia um contra-baixo com opinião própria, um baixo discreto no seu discurso, uma guitarra repetitiva no seu blá blá e uma variedade incrível de brinquedos manipulados que ocupam o lugar dos desconcertantes infiltrados que, mesmo restringidos a um plano secundário (o das crianças entre adultos), sempre demonstram alguma validade nos micro-jogos sonoros e apontamentos dispersos. Descrito desta forma, F.S. Blumm meets Lucca Fadda nem parece ser tão sofrível quanto isso – o pior sucede-se quando a paciência é colocada à prova pela pretensão de duas suites que se atrevem a exceder o quarto de hora, mesmo quando a inspiração é já combustível totalmente esgotado e a progressão uma escalada em sentido contrário ao vento.

O que de positivo pudesse ter surtido o encontro entre F.S. Blumm e Luca Fadda perde-se sob a esmagadora pressão que exerce a sua duração de 39 minutos maioritariamente ocupados por enlaces crípticos pouco cativantes, irritantemente preservados num ping-pong com carácter de cosa nostra. A intenção inicial seria provavelmente convidar ao uso da ingenuidade como chave para entrar neste portal que, além do seu arco, reservaria um refúgio onde dois músicos experientes rejuvenescem os seus métodos soltos. Essa iniciativa fracassa. Morre no fundo de um oceano de boas intenções.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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