DISCOS
Juba Dance
Orange
· 22 Nov 2007 · 08:00 ·
Juba Dance
Orange
2007
Audio 8


Sítios oficiais:
- Juba Dance
- Audio 8
Juba Dance
Orange
2007
Audio 8


Sítios oficiais:
- Juba Dance
- Audio 8
A oferta em 2007 tem sido pouca e de rara qualidade, mas Ben Lamar e Polyphonic The Verbose expõem à primeira mais uma marca de versatilidade única do hip-hop.
A promiscuidade e a especulação são com frequência as armas essenciais na maquinação de um punhado de temas inspirados pelo gosto da aventura. E considerando-se de imediato que o presente ano não tem sido dos mais estimulantes no que diz respeito ao hip-hop, não deixará de ser pertinente que na recta final de 2007 surja com alguma espontaneidade o disco de estreia de um projecto denominado Juba Dance que, além da capacidade integrar no seu hip-hop transversal um sem número de tipologias, renova com gosto a sinceridade do debate sonoro em quadrantes perdidos no passado.

Apresentando-se com a maior descrição possível, como se de um qualquer desporto amador se tratasse, a dupla Benjamin Lamar – multi-instrumentalista de Chicago a residir no Rio de Janeiro – e Polyphonic The Verbose (aka Will Freyman) relembra com este disco a necessidade do hip-hop interagir culturalmente com outras linguagens que não só reforcem o carácter especulativo do género urbano, mas também aumentem a sensibilidade do verbo para novas semânticas sonoras – para além Gil Scott-Heron. Só assim poder-se-á entender a naturalidade da promiscuidade positiva de caixilhos sonoros que interligam a música do Brasil ("Tomorrow"), o velho blues ("Willow Blues"), o groove psicadélico ("Cachaca"), o jazz ("Message from Cham") ou os tons afro-cubanos ("Fisherman's Jig") numa única matriz que tem no hip-hop e no r&b os elementos unificadores e no dom da palavra a inteligência e a integridade.

Não será peça única nem uma das mais raras, mas Orange parte e reparte com instinto instigador o espírito e a memória como há muito não se ouvia. Pelo tempo e espaço que proporciona a um conjunto de temas, distribui sabedoria na construção melódica quando integra o conhecimento de velhos mecanismos na base dos samplers e dos sintetizadores, na versatilidade dos instrumentos de sopro, na obsessão dramática das orquestrações ou na desenvoltura rítmica apropriada – com fundamentos no electro-funk old school ou nos beats nascidos nas ruas do Bronx – e simplifica o resultado final sem descrédito para nenhum dos ingredientes que compõem esta calda eloquente. Por isso Orange é mais uma das poucas provas que testemunham a qualidade da versatilidade do hip-hop em dias cinzentos e quadrados.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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