DISCOS
Fridge
The Sun
· 04 Out 2007 · 08:00 ·
Fridge
The Sun
2007
Domino / Edel


Sítios oficiais:
- Fridge
- Domino
- Edel
Fridge
The Sun
2007
Domino / Edel


Sítios oficiais:
- Fridge
- Domino
- Edel
Os Fridge de Four Tet e Adem regressam ao activo com charadas exploratórias nem sempre convincentes.
O regresso não-anunciado dos Fridge, com The Sun, suscita um conjunto de questões referentes à partilha de espaço entre os seus três intervenientes: Adem Ilhan (conhecido apenas por Adem nos seus discos de pop intra-uterina), Sam Jeffers e Kieran Hebden (o criativo imenso que tem a legitimidade de comprar uma arma se mais alguém se atrever a catalogar Four Tet como folk-tronica ou indie-tronica). A maioria das interrogações respeitam, como seria de esperar, ao último. Podem os dedos acariciar a ponderação da nuca enquanto se tenta resolver os enigmas sugeridos: como entender Fridge na era pós-Four Tet (que teve como proveitos Rounds ou Everything Ecstatic), sem o tornar num exercício Onde está o Wally? que procure identificar os traços de Kieran Hebden ao disco? Será o próprio tão seguro dos seus atributos que acabará por eclipsar um The Sun que, de outra forma, devia ser concebido triangularmente?

Ou, ao invés disso, será mais pertinente tentar saber se os Fridge refrigeraram a sua estranha anatomia do rock durante os quase seis anos de hibernação em termos de lançamentos? Talvez o mais importante seja reter a ideia de que os Fridge afinal nunca deixaram de ser generosos nos múltiplos jogos cerebrais proporcionados pela música que praticam, mas mantêm-se evidentemente caprichosos por engolirem sempre a chave que resolve o cerne das composições-mistério que assim o eram em Happiness e continuam a ser em The Sun. O melhor será manter na incógnita todas as respostas que se procurem para o trio de Putney.

E, sim, encontra-se certa a label Domino quando refere o pós-rock como um termo saturado (e demasiado óbvio) para definir a música dos Fridge. Isto quando se percebe facilmente que os Fridge de hoje manifestam-se essencialmente como a soma de três vértices amadurecidos e polivalentes em termos de como desenvolver a melhor combinação entre recursos físicos tipicamente rock (guitarra, baixo e bateria) e outros mais periféricos (teclados e a electrónica que lá vai denunciando um pouco os intervenientes), desenvolvendo, em paralelo laboratorial, a mais proveitosa produção a ser aplicada aos mesmos. Sem conseguir ou evitando intencionalmente a coesão, The Sun deve grande parte dos pontos somados às ocasiões em que brilha – “Eyelide” é uma contagiante pândega de matemática primária à moda dos The Advantage - e a dedução dos mesmos a outros em que não acrescenta nada ao historial Fridge ou aos géneros trilhados (a sonolência introvertida da acústica de “Our Place in This” é incrivelmente aborrecida). Portanto, escuta-se como um sol em dia incertamente nublado.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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