DISCOS
Psychic TV / PTV3
Hell is Invisible... Heaven is Her/e
· 28 Set 2007 · 08:00 ·

Psychic TV / PTV3
Hell is Invisible... Heaven is Her/e
2007
Sweet nothing / Cargo Records / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Cargo Records
- AnAnAnA
Hell is Invisible... Heaven is Her/e
2007
Sweet nothing / Cargo Records / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Cargo Records
- AnAnAnA

Psychic TV / PTV3
Hell is Invisible... Heaven is Her/e
2007
Sweet nothing / Cargo Records / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Cargo Records
- AnAnAnA
Hell is Invisible... Heaven is Her/e
2007
Sweet nothing / Cargo Records / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Cargo Records
- AnAnAnA
A entidade Genesis P-Orridge reactiva a sua extensão criativa mais versátil para disco abençoadamente extremado
Para que seja evitada a lenga-lenga que normalmente constitui a introdução biográfica exigida por um nome da envergadura lendária comparável à da figura Genesis P-Orridge, refira-se resumidamente que a importância imensurável do senhor passa pela fundação da provocatória entidade Throbbing Gristle e, após o desmantelamento desses, pelos Psychic Tv, que exibem assinaláveis sinais de vida em Hell is Invisible... Heaven is Her/e, o primeiro disco de estúdio em mais de uma década. Além de ter arrastado o industrial por todo o tipo possível de contextos sonoros imundos, Genesis P-Orridge acumulou, durante o incansável percurso ao vivo uma reputação temível e, pelo que consta, arrasadora em termos sónicos (a confirmar com o vídeo aqui exibido http://www.youtube.com/watch?v=Y8klW9trVTQ). São bem dispendidos quaisquer esforços empregues na investigação da carreira que ainda mantém no activo Genesis P-Orridge.
Ao disco sob escrutínio descobre-se uma espécie de conceito que incide muito livremente na exploração de dimensões opostas e na distância cultivável que separa as duas. De tridente em punho, Genesis P-Orridge acaba por ser o peão omnipotente que ocupa a intersecção resultante de dois extremos que se atraem. Como indicia o seu título, Hell is Invisible... Heaven is Her/e faz-se essencialmente de limbos que são, ao mesmo tempo, pontos de encontro para elementos mais malvados, embora áureos, e outros mais dóceis, apesar de contrariados por uma cauda pontiaguda. Repare-se, por exemplo, na dicotomia presente na inebriada simpatia que nutre pelo diabo o coro repetido de “Maximum Swing” e a rispidez assumidamente grotesca de Gibby Haynes, honroso convidado recuperado aos Butthole Surfers, que, à semelhança do que aqui acontece em registo isolado, submetia, em Independente Worm Saloon, a sua voz a todo o tipo de filtros bizarros. Estranhamente, o que podia ser um estudo existencial obsessivamente debruçado sobre si, acaba por ser um disco disposto a entreter, muito além do que se julgaria, e a testar os limites da canção propriamente dita, que, como se sabe, sempre foi muito mais compromisso dos Psychic TV do que dos mais psicóticos Throbbing Gristle.
O escrutínio pendular que opera Hell is Invisbible... apela também a que seja perseguido o odor de enxofre que liberta o réptil Psychic TV, que conhece bem as armadilhas dos objectos artísticos ultra-violentos. Daí que certas faixas pareçam exclamar a vermelho vivo: O teu apetite mórbido deslocou-te até aqui, pois agora aguenta-te à bronca. O que de mais maciço tem essa bronca é preenchido por tudo aquilo que se associaria a um pós-punk mutante que bombeia as suas veias com a carga tóxica do baixo empolgante e sôfrego de “Higher & Higher”. Mas, como tudo, também isso tem antídoto – seja no adormecimento em espiral Bernard Herrmann sucedido em “In These Body”, com a recuperação das cordas dramáticas do tema de O Cabo do Medo, ou no órgão que desce brandamente sobre o horizonte melancólico de “New York Story”. Dificilmente se esgota a nomeação de todas as medidas que se equilibram na balança dos Psychic TV actuais e essa pode ser a melhor forma de evitar que sejam feitos comentários absolutistas e desgastados sobre Genesis P-Orridge. Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu e inferno.
Miguel ArsénioAo disco sob escrutínio descobre-se uma espécie de conceito que incide muito livremente na exploração de dimensões opostas e na distância cultivável que separa as duas. De tridente em punho, Genesis P-Orridge acaba por ser o peão omnipotente que ocupa a intersecção resultante de dois extremos que se atraem. Como indicia o seu título, Hell is Invisible... Heaven is Her/e faz-se essencialmente de limbos que são, ao mesmo tempo, pontos de encontro para elementos mais malvados, embora áureos, e outros mais dóceis, apesar de contrariados por uma cauda pontiaguda. Repare-se, por exemplo, na dicotomia presente na inebriada simpatia que nutre pelo diabo o coro repetido de “Maximum Swing” e a rispidez assumidamente grotesca de Gibby Haynes, honroso convidado recuperado aos Butthole Surfers, que, à semelhança do que aqui acontece em registo isolado, submetia, em Independente Worm Saloon, a sua voz a todo o tipo de filtros bizarros. Estranhamente, o que podia ser um estudo existencial obsessivamente debruçado sobre si, acaba por ser um disco disposto a entreter, muito além do que se julgaria, e a testar os limites da canção propriamente dita, que, como se sabe, sempre foi muito mais compromisso dos Psychic TV do que dos mais psicóticos Throbbing Gristle.
O escrutínio pendular que opera Hell is Invisbible... apela também a que seja perseguido o odor de enxofre que liberta o réptil Psychic TV, que conhece bem as armadilhas dos objectos artísticos ultra-violentos. Daí que certas faixas pareçam exclamar a vermelho vivo: O teu apetite mórbido deslocou-te até aqui, pois agora aguenta-te à bronca. O que de mais maciço tem essa bronca é preenchido por tudo aquilo que se associaria a um pós-punk mutante que bombeia as suas veias com a carga tóxica do baixo empolgante e sôfrego de “Higher & Higher”. Mas, como tudo, também isso tem antídoto – seja no adormecimento em espiral Bernard Herrmann sucedido em “In These Body”, com a recuperação das cordas dramáticas do tema de O Cabo do Medo, ou no órgão que desce brandamente sobre o horizonte melancólico de “New York Story”. Dificilmente se esgota a nomeação de todas as medidas que se equilibram na balança dos Psychic TV actuais e essa pode ser a melhor forma de evitar que sejam feitos comentários absolutistas e desgastados sobre Genesis P-Orridge. Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu e inferno.
migarsenio@yahoo.com
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