DISCOS
SOL
A força
· 13 Set 2007 · 08:00 ·
SOL
A força
2007
Amplitude


Sítios oficiais:
- SOL
- Amplitude
SOL
A força
2007
Amplitude


Sítios oficiais:
- SOL
- Amplitude
SOL assinam um disco em que se explora um terreno tão fértil quanto diversificado. Com avaliação superior.
Há algo que nasceu no Brasil e que não nasce em mais lado nenhum: o swing e o balanço do samba. Pode não estar presente em todas as manifestações musicais made in Brasil, mas quando está quase que dota os seus autores de uma autoridade especial. É o caso dos SOL (algo que significa ainda hoje Screams of Life), que nasceram no final dos anos 90 na cidade de Esteio como uma banda de hardcore - mas que foram deixando para trás a exploração directa dessas sonoridades para se tornarem cada vez mais exploratórios. A Força é o reflexo natural da evolução dos SOL nos últimos anos, após um disco que reuniu os melhores momentos captados entre 1999 e 2003.

Depois de uma curta introdução, A Força entra no seu primeiro capitulo a sério com uma robustez impressionante. “Tsunami†é tudo aquilo que o seu título faz prever: uma fusão de rock com de MPB movida a experimentalismo, capaz de disparar riffs de grande porte. A isso junta-se a influência da música jazz - particularmente do free jazz. Ao longo dos 11 minutos a percussão marca presença em quantidade bastantes generosas e certeiras. A certa altura o caos, ruído que se vai acumulando aqui e ali e que se une para se agigantar. Nos seus melhores momentos, as guitarras unem-se para criarem uma parede sonora tão apreciável quanto demolidora. Depois de reunida a energia suficiente, os SOL aprofundam as noções de experimentalismo num final em busca daquilo que é mais abstracto e menos directo.

“Marcas do tempo†mostra uma faceta diferente dos SOL. Tem vozes mas não é necessariamente ou verdadeiramente uma canção; há aqui alguma melodia mas aquilo que se nota mais é a anti-melodia gerada por uma guitarra e um baixo que pisam territórios constantemente opostos. A beleza existe mas não é entregue em mãos. “Chuva de verdade†é mais uma exploração de vozes longínquas, riffs rock e percussão entusiasmante; a máquina funciona na perfeição. A certa altura os SOL parecem entrar em modo jam session e o prazer que daí se retira pode ser bastante. O mesmo se pode dizer quando a banda explora o ruído e as melodias dissonantes. Os três últimos temas (com destaque para a mega viagem “A Força", tour de force com uma extensão de 26 minutosâ€) confirmam que esta é uma banda que se deve ter debaixo de olho. Em toda a sua extensão, A força faz jus ao seu título: por ser um disco dotado de uma vitalidade mais do que interessante.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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