DISCOS
Marcelo Campello
Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas
· 09 Set 2007 · 08:00 ·
Marcelo Campello
Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas
2007
Independente
Sítios oficiais:
- Marcelo Campello
Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas
2007
Independente
Sítios oficiais:
- Marcelo Campello
Marcelo Campello
Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas
2007
Independente
Sítios oficiais:
- Marcelo Campello
Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas
2007
Independente
Sítios oficiais:
- Marcelo Campello
Sem esquecer os Mombojó, a que dedica o grosso do tempo, Campello edita composições para guitarra de 7 cordas escritas entre 2002 e 2006.
O multiinstrumentista pernambucano Marcelo Campello goza no Brasil de alguma notoriedade regional por ser um dos membros dos Mombojó, mas arrisca-se a ficar, pelo menos fora de portas, mais conhecido do que a banda que é o grande foque do seu trabalho, se estas Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas tiverem a projecção internacional que é expectável. Não é difícil apontar a razão, porquanto o rock adolescente dos Mombojó careça de originalidade enquanto à guitarra acústica de sete cordas não seja conhecida muita literatura de composição.
A guitarra de sete cordas é um instrumento tipicamente brasileiro, daí que talvez faça mais sentido usar o nome por que é afamado no país de origem, violão de sete cordas. Obvie-se: violão de sete. Criado no início do século XX, com créditos distribuídos a meias entre ciganos e um grupo de negros nordestinos, o violão de sete afirmou-se a partir de 1950 quando começou a ser incorporado no samba e no chorinho, onde tinha quase sempre o papel de acompanhante. As influências maiores de Marcelo Campello encontram-se contudo em músicos de guitarra clássica, como Canhoto da Paraíba e Garoto, precisamente por explorarem o instrumento na óptica da composição: que o jovem do Recife transportou agora para as sete cordas.
Dividido em três partes, “Projeções”, “Soturnos” e “Sonhos”, que temporalmente foram compostas na ordem inversa do alinhamento, de 2002 a 2006, Campello dedilha composições diversas para violão de sete, não com a vista na exploração dos limites do instrumento mas mais no seu uso na construção de frágeis dilacerações sonoras. Há uma luta na lama entre tradição e erudição, que o autor desmente ao afirmar-se como popular de grimpa levantada, mas o título do álbum e a forma como é apresentado remetem para algum trabalho académico. O próprio afirmou que o maior elogio que se lhe pode fazer é adormecer antes da quinta faixa: o que não é fácil, se se considerar os poucos minutos que isso compreende (veja-se que o disco tem 35 composições distribuídas por 60 minutos). Mas tem razão. O disco chama-se Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas, embora Projeções e duas séries para violão de sete cordas ou outras coisas medicinais também não ficasse mal, invoncado a linguagem do academismo medieval que ele afugenta e ligando-o a propriedades médico-soníferas que chama a si.
O álbum vive muita da gestão do silêncio e da tensão que ele provoca, pela ânsia da espera da nota seguinte, em temas que poucas vezes têm uma estrutura evidente. Nem sempre assim acontece, mas neste caso o contexto de criação das músicas tem um papel que não se pode desprezar. Fosse Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas escrito por um mestre do violão de sete e provavelmente não lhe seria dado muita atenção. Mas Marcelo Campello tem pouco mais de 20 anos, uma vida à sua frente e uma composição que, não sendo de abrir a boca, já seduz.
Tiago GonçalvesA guitarra de sete cordas é um instrumento tipicamente brasileiro, daí que talvez faça mais sentido usar o nome por que é afamado no país de origem, violão de sete cordas. Obvie-se: violão de sete. Criado no início do século XX, com créditos distribuídos a meias entre ciganos e um grupo de negros nordestinos, o violão de sete afirmou-se a partir de 1950 quando começou a ser incorporado no samba e no chorinho, onde tinha quase sempre o papel de acompanhante. As influências maiores de Marcelo Campello encontram-se contudo em músicos de guitarra clássica, como Canhoto da Paraíba e Garoto, precisamente por explorarem o instrumento na óptica da composição: que o jovem do Recife transportou agora para as sete cordas.
Dividido em três partes, “Projeções”, “Soturnos” e “Sonhos”, que temporalmente foram compostas na ordem inversa do alinhamento, de 2002 a 2006, Campello dedilha composições diversas para violão de sete, não com a vista na exploração dos limites do instrumento mas mais no seu uso na construção de frágeis dilacerações sonoras. Há uma luta na lama entre tradição e erudição, que o autor desmente ao afirmar-se como popular de grimpa levantada, mas o título do álbum e a forma como é apresentado remetem para algum trabalho académico. O próprio afirmou que o maior elogio que se lhe pode fazer é adormecer antes da quinta faixa: o que não é fácil, se se considerar os poucos minutos que isso compreende (veja-se que o disco tem 35 composições distribuídas por 60 minutos). Mas tem razão. O disco chama-se Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas, embora Projeções e duas séries para violão de sete cordas ou outras coisas medicinais também não ficasse mal, invoncado a linguagem do academismo medieval que ele afugenta e ligando-o a propriedades médico-soníferas que chama a si.
O álbum vive muita da gestão do silêncio e da tensão que ele provoca, pela ânsia da espera da nota seguinte, em temas que poucas vezes têm uma estrutura evidente. Nem sempre assim acontece, mas neste caso o contexto de criação das músicas tem um papel que não se pode desprezar. Fosse Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas escrito por um mestre do violão de sete e provavelmente não lhe seria dado muita atenção. Mas Marcelo Campello tem pouco mais de 20 anos, uma vida à sua frente e uma composição que, não sendo de abrir a boca, já seduz.
tgoncalves@bodyspace.net
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