DISCOS
Ebb
Loona
· 27 Ago 2007 · 08:00 ·

Ebb
Loona
2007
Gaymonkey
Sítios oficiais:
- Ebb
- Gaymonkey
Loona
2007
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- Ebb
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2007
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Mais um exemplo vindo do norte da Europa: deliciosas texturas humanas submersas numa invulgar promiscuidade entre o calor da folk e o frio da electrónica.
Como diria Ebb: “The north of Sweden is during winter, very cold and snowy, and there are never-ending forests and wide horizons”. Não será um mero acaso da Natureza a urgência que alguns músicos e produtores do norte da Europa encontram na elaboração de retratos da terra natal em confronto directo com uma linguagem electro-acústica descongeladora de sentimentos variados. Ora venham da Islândia uns Sigur Rós ou Múm, da Noruega Erlend Oye ou uns Royksopp e agora da Suécia um Ebb, parece existir uma partilha inconsciente de ideias numa comunidade de músicos habituada ao frio polar.
Tendo crescido em Luleå no extremo norte sueco, Ebb habituou-se ao pacífico estado de alma que a natureza local lhe incutiu na personalidade. E mesmo tendo decidido deslocar-se para a cidade, o profundo contacto que sempre teve com a terra natal não se lhe obliterou da memória. E Loona é prova disso. Entre as pulsações nervosas de uma electrónica irrequieta e a calmaria poética que as suas melodias invocam, nasce um contraste evidente entre os sonhos inocentes de uma criança envolta pelo denso verde de uma floresta enevoada e a fadiga nerval que acelera o metabolismo e explora desnecessariamente o limite da tensão humana.
E será uma vez mais essa resistência que expõe o melhor de dois mundos a mais-valia que torna Ebb num músico de ideias respeitáveis no universo da folktronica. O tema de abertura – e que dá título ao disco – é um dos soberbos momentos que reflecte para o resto da música o espírito que poderemos encontrar ao longo de uma hora: uma formalidade pop que se solta com estalidos e bleeps em tom experimental. A eloquência da composição assegura-nos a integridade. A electrónica auxilia a aventura fazendo com que a máquina pulse vida sem que se olhe para ela como um biónico com excesso de programação.
O tom melancólico de “Loona” e “When Dusk Begins” relembra a outrora perfeição etérea que Sigur Rós perderam. Em “I Am All Made Of Music” os Royksopp são chamados à memória quando a interface entre a noção de melodia perfeita e o equilíbrio das electrónicas elegantes é necessário para sustentar a ideia prima. Já “Minau” vive suspenso entre as hesitações atmosféricas dos Múm e as certezas rítmicas de Four Tet. As aproximações a uns Kings Of Convenience também não passarão despercebidas, tanto que a necessidade de expor emoções não difere substancialmente, independentemente da impressão menos acústica ou mais electrónica de Ebb.
Não viveremos em Loona o absoluto reconhecimento de um novo mundo, agora já podemos viver na necessidade de descobrir, quanto antes, um disco pop que agradará a quem encontrou nos Junior Boys o ideal de canção perfeita. Frio por fora e quente por dentro, Loona reconforta-nos com a sua delicadeza natural, embala-nos a alma com a sua monção poética e derrete o gelo sem grandes contrariedades. Nem se esperaria mais em tempos de aquecimento global.
Rafael SantosTendo crescido em Luleå no extremo norte sueco, Ebb habituou-se ao pacífico estado de alma que a natureza local lhe incutiu na personalidade. E mesmo tendo decidido deslocar-se para a cidade, o profundo contacto que sempre teve com a terra natal não se lhe obliterou da memória. E Loona é prova disso. Entre as pulsações nervosas de uma electrónica irrequieta e a calmaria poética que as suas melodias invocam, nasce um contraste evidente entre os sonhos inocentes de uma criança envolta pelo denso verde de uma floresta enevoada e a fadiga nerval que acelera o metabolismo e explora desnecessariamente o limite da tensão humana.
E será uma vez mais essa resistência que expõe o melhor de dois mundos a mais-valia que torna Ebb num músico de ideias respeitáveis no universo da folktronica. O tema de abertura – e que dá título ao disco – é um dos soberbos momentos que reflecte para o resto da música o espírito que poderemos encontrar ao longo de uma hora: uma formalidade pop que se solta com estalidos e bleeps em tom experimental. A eloquência da composição assegura-nos a integridade. A electrónica auxilia a aventura fazendo com que a máquina pulse vida sem que se olhe para ela como um biónico com excesso de programação.
O tom melancólico de “Loona” e “When Dusk Begins” relembra a outrora perfeição etérea que Sigur Rós perderam. Em “I Am All Made Of Music” os Royksopp são chamados à memória quando a interface entre a noção de melodia perfeita e o equilíbrio das electrónicas elegantes é necessário para sustentar a ideia prima. Já “Minau” vive suspenso entre as hesitações atmosféricas dos Múm e as certezas rítmicas de Four Tet. As aproximações a uns Kings Of Convenience também não passarão despercebidas, tanto que a necessidade de expor emoções não difere substancialmente, independentemente da impressão menos acústica ou mais electrónica de Ebb.
Não viveremos em Loona o absoluto reconhecimento de um novo mundo, agora já podemos viver na necessidade de descobrir, quanto antes, um disco pop que agradará a quem encontrou nos Junior Boys o ideal de canção perfeita. Frio por fora e quente por dentro, Loona reconforta-nos com a sua delicadeza natural, embala-nos a alma com a sua monção poética e derrete o gelo sem grandes contrariedades. Nem se esperaria mais em tempos de aquecimento global.
r_b_santos_world@hotmail.com
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