DISCOS
Dizzee Rascal
Maths+English
· 04 Jul 2007 · 08:00 ·

Dizzee Rascal
Maths+English
2007
XL / Popstock
Sítios oficiais:
- Dizzee Rascal
- XL
- Popstock
Maths+English
2007
XL / Popstock
Sítios oficiais:
- Dizzee Rascal
- XL
- Popstock

Dizzee Rascal
Maths+English
2007
XL / Popstock
Sítios oficiais:
- Dizzee Rascal
- XL
- Popstock
Maths+English
2007
XL / Popstock
Sítios oficiais:
- Dizzee Rascal
- XL
- Popstock
Terceiro disco do MC Londrino, com convidados de luxo como os grandes Underground Kingz, Matthew Herbert, Lily Allen e Alex Turner dos Arctic Monkeys.
“Whoo…yeah!” Duas quase palavras, lado a lado. Primeiro em “It Takes Two”, o clássico do final dos anos 80 de Rob Base e DJ E-Z Rock, agora em “Pussy’ole (Oldskool)”, de Dizzee Rascal. “It takes two to make a thing go right”, era o refrão tirado de “Think (About it)” de Lyn Collins. Agora é diferente. São precisos dois para fazer com que as coisas azedem. “Pussy’ole” é o nome carinhoso que Dizzee arranjou para Wiley, ex-amigo e ex-mentor. O que o amor faz, em duas perspectives diferentes, em 1988 e 2007.
Maths+English é o terceiro disco de Dizzee Rascal, que começou por ser um puto de 18 anos com um flow rápido e ininteligível que fazia o recorde do Guinness de Twista parecer uma tartaruga. Cedo se descobriu que havia mais malta assim em Londres, e o grime tornou-se um fenómeno underground mundial. Dizzee sempre foi a sua estrela, mesmo que não seja grime. Pronto, é hip-hop. Dizzee Rascal é hip-hop.
Quatro anos passados desde Boy in Da Corner, o rapaz participou no “Do They Know It’s Christmas 20”, o tributo de natal às crianças de África de 2004, as palavras de Dizzee são bastante mais perceptíveis, Dizzee é cada vez mais famoso (este é o disco mais bem sucedido do menino em Inglaterra) e os beats de Cage, o seu produtor principal, estão cada vez melhores.
E tem vários convidados. Os UGK, as lendas de Houston, no Texas, Bun B e Pimp C, aparecem em “Where’s Da G’s”, que trata de uma das temáticas mais importantes do disco: o que é ser gangsta? Quem é que pode ser gangsta? Há os falsos gangstas, aos quais Dr. Dre chamava “bitchniggas”, e aos quais Dizzee parece chamar “Pussy’ole”. Essa temática possibilita um dos melhores momentos pop de que há memória, até: Lily Allen a cantar “So you wanna be a gangsta” em “Wanna Be”, denunciando alguém que não é gangsta e cuja mãe lhe compra jóias, arrumando o assunto de vez com um “Your mum buys your bling”, algo que deve fazer mais mossa que qualquer bala. Também há os rapazes Arctic Monkeys em “Temptation” e Matthew Herbert a tocar flauta e teclados em “Suk My Dick” e “Flex”.
Os beats de Cage (alguns com a ajuda do próprio Dizzee) giram todos à volta do mesmo, mas não cansam: batidas futuristas com a ajuda de sintetizadores, coisas simples que funcionam, com a sujidade que é necessária e às vezes o próprio Dizzee a fazer beatbox. Há metal a bater em metal em “World Outside” e cordas e vassouras sintetizadas hipnóticas em “You Can’t Tell me Nuffin’”. “Sirens” tem as guitarras chungas necessárias para transformar isto num clássico na veia de “Fix Up, Look Sharp”, que roubava quase tudo de “Big Beat” Billy Squier, mas é uma cancão demasiado estranha e suja para isso (as curtas descargas de guitarra surgem sempre em sítios esquisitos, parando e arrancando enquanto Dizzee cospe as suas palavras), com uma parte final que lembra Rage Against The Machine. A letra, claro, é sobre ter de se ir embora quando a policia aparece. “Run when you hear the sirens coming” (as sirenes desta canção são as únicas que soam realmente gangsta em todo o disco, havendo outras, por exemplo, em “Pussy’ole (Oldskool)” e “Da Feelin’”). Há beats de outras pessoas para alem de Cage, como Shy FX em “Da Feelin’”, uma canção de verão em drum’n’bass que é talvez a única faixa realmente dispensável do disco, e os Futurecuts em “Wanna Be”, que trazem um beat lúdico à canção com Lily Allen.
Maths+English é um dos grandes discos de hip-hop futurista de 2007. Não interessa discutir o que é grime, o que não é grime, se o grime morreu, se o grime não morreu, se Dizzee é assim tão original ou anda a fazer dinheiro à custa de uma cultura underground. Dizzee Rascal é uma das estrelas pop mais peculiares de Inglaterra e o que este disco revela é que consegue ficar bem ao lado de estrelas pop que fazem música bem menos peculiar e ser muito bem sucedido. E se discutir quem é gangsta e quem não é gangsta é uma temática pertinente e importante para ele, também é pertinente e importante para nós.
Rodrigo NogueiraMaths+English é o terceiro disco de Dizzee Rascal, que começou por ser um puto de 18 anos com um flow rápido e ininteligível que fazia o recorde do Guinness de Twista parecer uma tartaruga. Cedo se descobriu que havia mais malta assim em Londres, e o grime tornou-se um fenómeno underground mundial. Dizzee sempre foi a sua estrela, mesmo que não seja grime. Pronto, é hip-hop. Dizzee Rascal é hip-hop.
Quatro anos passados desde Boy in Da Corner, o rapaz participou no “Do They Know It’s Christmas 20”, o tributo de natal às crianças de África de 2004, as palavras de Dizzee são bastante mais perceptíveis, Dizzee é cada vez mais famoso (este é o disco mais bem sucedido do menino em Inglaterra) e os beats de Cage, o seu produtor principal, estão cada vez melhores.
E tem vários convidados. Os UGK, as lendas de Houston, no Texas, Bun B e Pimp C, aparecem em “Where’s Da G’s”, que trata de uma das temáticas mais importantes do disco: o que é ser gangsta? Quem é que pode ser gangsta? Há os falsos gangstas, aos quais Dr. Dre chamava “bitchniggas”, e aos quais Dizzee parece chamar “Pussy’ole”. Essa temática possibilita um dos melhores momentos pop de que há memória, até: Lily Allen a cantar “So you wanna be a gangsta” em “Wanna Be”, denunciando alguém que não é gangsta e cuja mãe lhe compra jóias, arrumando o assunto de vez com um “Your mum buys your bling”, algo que deve fazer mais mossa que qualquer bala. Também há os rapazes Arctic Monkeys em “Temptation” e Matthew Herbert a tocar flauta e teclados em “Suk My Dick” e “Flex”.
Os beats de Cage (alguns com a ajuda do próprio Dizzee) giram todos à volta do mesmo, mas não cansam: batidas futuristas com a ajuda de sintetizadores, coisas simples que funcionam, com a sujidade que é necessária e às vezes o próprio Dizzee a fazer beatbox. Há metal a bater em metal em “World Outside” e cordas e vassouras sintetizadas hipnóticas em “You Can’t Tell me Nuffin’”. “Sirens” tem as guitarras chungas necessárias para transformar isto num clássico na veia de “Fix Up, Look Sharp”, que roubava quase tudo de “Big Beat” Billy Squier, mas é uma cancão demasiado estranha e suja para isso (as curtas descargas de guitarra surgem sempre em sítios esquisitos, parando e arrancando enquanto Dizzee cospe as suas palavras), com uma parte final que lembra Rage Against The Machine. A letra, claro, é sobre ter de se ir embora quando a policia aparece. “Run when you hear the sirens coming” (as sirenes desta canção são as únicas que soam realmente gangsta em todo o disco, havendo outras, por exemplo, em “Pussy’ole (Oldskool)” e “Da Feelin’”). Há beats de outras pessoas para alem de Cage, como Shy FX em “Da Feelin’”, uma canção de verão em drum’n’bass que é talvez a única faixa realmente dispensável do disco, e os Futurecuts em “Wanna Be”, que trazem um beat lúdico à canção com Lily Allen.
Maths+English é um dos grandes discos de hip-hop futurista de 2007. Não interessa discutir o que é grime, o que não é grime, se o grime morreu, se o grime não morreu, se Dizzee é assim tão original ou anda a fazer dinheiro à custa de uma cultura underground. Dizzee Rascal é uma das estrelas pop mais peculiares de Inglaterra e o que este disco revela é que consegue ficar bem ao lado de estrelas pop que fazem música bem menos peculiar e ser muito bem sucedido. E se discutir quem é gangsta e quem não é gangsta é uma temática pertinente e importante para ele, também é pertinente e importante para nós.
rodrigo.nogueira@bodyspace.net
RELACIONADO / Dizzee Rascal