DISCOS
Magic Bullets
a CHILD but in life yet a DOCTOR in Love
· 22 Jun 2007 · 08:00 ·
Magic Bullets
a CHILD but in life yet a DOCTOR in Love
2007
Words On Music


Sítios oficiais:
- Magic Bullets
- Words On Music
Magic Bullets
a CHILD but in life yet a DOCTOR in Love
2007
Words On Music


Sítios oficiais:
- Magic Bullets
- Words On Music
Sexteto norte-americano com pêlo na venta baralha e volta a dar as raízes inglesas da indie-pop de meados de 80.
Os Magic Bullets têm porras. A início apetece gostar destes marmanjos de São Francisco e não é só porque editam pela homóloga norte-americana da portuguesa Bor Land, a Words on Music, que por diversos motivos é das mais proeminentes e promissoras editoras indie-relacionadas, como sintaticamente se diz no seu país. Mas fazer música quase exactamente como se fazia há mais de vinte anos (a década de oitenta já vai assim tão distante, embora nem sempre pareça) traz consigo um efeito déjà-vu que consegue ser muito urticariante. Se a música for boa, isto é, mesmo, mesmo boa, a turba dá o jeito com ouvidos moucos à regressão temporal e ouvidos abertos às canções. É precisamente por isso que há comichão de descascanço nestes norte-americanos. Não é só a nossa emoção que é digna de duas ou três músicas do álbum, como são também essas músicas dignas da nossa emoção. Pena é que não seja mais do que isso, porque quem sabe fazer três músicas com pinta também sabe fazer quatro, mas não quer.

Tem antecedentes esta coisa de se viver num sítio e se deixar contagiar por cultura quase toda ela do outro lado do mundo. É que os Magic Bullets são dos Estados Unidos, mas no primeiro disco do sexteto, a CHILD but in life yet a DOCTOR in love, sobressai a predileção pela indie-pop inglesa da década de 80, que em termos gerais pode ser o mesmo que dizer new wave e pós-punk, no concreto a facção Gang of Four. “Heatstroke” é a que melhor, em paralelo, sintetiza a herança new wave e a reveste de alguma modernidade, onde o refrão "People refuse to make do when they lose / Something they thought they'd never find again / They refuse to remember way back when / That something it did not belong to them” se interluda com a voz em registo de convesa de Philip Benson. Benson é de resto o timoneiro deste maralhal de seis pessoas, onde as duas camadas das guitarras de Cunningham e Lynch têm proeminência permanente.

Aplauda-se, contudo, a auto-determinação com que proclamam aquilo que defendem, sem condicionais nem vacilações. Porque o que eles não são é choninhas, nem andam para aí aos caixotes. Foi esse um dos motivos que tornou este tipo de música tão chamativo nos anos 80, o falar das coisas com um grau de certeza que roça o infinito, mesmo que seja a maior boçalidade do mundo. Em “Spent Nights” Benson critica um amigo por se comportar como um idiota, e di-lo com segurança inabalável. Ora, no mundo da música, esse tipo de certezas soa sempre bem.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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