DISCOS
Frida Hyvönen
Until Death Comes
· 31 Mai 2007 · 08:00 ·

Frida Hyvönen
Until Death Comes
2006
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Frida Hyvönen
- Secretly Canadian
- Flur
Until Death Comes
2006
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Frida Hyvönen
- Secretly Canadian
- Flur

Frida Hyvönen
Until Death Comes
2006
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Frida Hyvönen
- Secretly Canadian
- Flur
Until Death Comes
2006
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Frida Hyvönen
- Secretly Canadian
- Flur
Confissões de uma escandinava da geração de 70, acompanhada ao piano com um copo de vinho por cima.
Parece ser a própria Frida Hyvönen que na fotografia de capa de Until Death Comes faz uma interpretação virtuosa de uma qualquer sonata energética e poderosa. As capas, às vezes, dão boas pistas sobre o disco que está por trás, mas esta deixa pistas e mapas sobre o oceano, ou seja, sujeita-as às influências dos barcos, da lua, de correntes várias. Acabou por acertar no conteúdo, mas falhar na forma: as músicas são mesmo vibráteis na reacção, imponentes na exaltação, destrutivas na consciência, mas à custa da reunião de esforços entre acompanhamento, melodia e letra. O acompanhamento, simples, é oferecido quase sempre apenas pelo piano, as letras saem da cabeça de Frida Hyvönen e a melodia vem colada à voz, ou vice-versa.
Natural da Suécia, foi aí que em 2005 editou o disco, chamando então a atenção da norte-americana Secretly Canadian que em 2006 o projectou internacionalmente. Não é só uma cantautora com uma gama dinâmica de voz que lhe permite fazer o que quer com confiança e tenacidade, é também uma compositora de melodias calorosas e inesperadas – que transforma a mais canónica das canções num desflorar de espantos e surpresas. Geralmente pequenas – à volta dos 2 ou 3 minutos -, com um piano linear e abrasivo ao estilo cabaré e lá-lá-lá. A voz, cantada em inglês com um ligeiro sotaque escandinavo, tem gravação dupla – Frida está sempre em dueto consigo mesma, conseguindo com isso uma dinâmica que, embora se perca ao vivo, demonstra bem a inteligência da autora.
Mas o mais importante são as letras. "I Drive My Friend", a faixa de abertura, dá muitas pistas sobre o tipo de coisas que é expectável encontrar. Há uma noite de copos que finda em ambiente romântico, com um beijo que a faz sentir melhor do que em qualquer outro momento, depois um querer esperar o resto da vida pelo outro e um final que inverte os acontecimentos: “I have everything / a driver's licence, a car and a song to sing”. Numa história trágico-cómica mais ou menos densa, Frida olha para o lado, assobia, vê trivialidades e, não rebaixando os homens, não lhes dá nem tira importância, nem caricatura, havendo já quem a veja como porta-estandarte de um feminismo moderno, no habitat multi-colorido da música popular. É à custa dessas trivialidades, da linguagem frontal e descomplexada (“Once I felt your cock against my thigh”), das referências homo e heterossexuais e da falsa inocência, que Hyvönen consegue demarcar-se do livro do estilo, com poucos chavões ou clichés. São segredos que nunca esperámos que as mulheres não trocassem senão entre elas. Receber de borla as confissões mais auto-comiserativas do sexo feminino é sempre de aproveitar.
Tiago GonçalvesNatural da Suécia, foi aí que em 2005 editou o disco, chamando então a atenção da norte-americana Secretly Canadian que em 2006 o projectou internacionalmente. Não é só uma cantautora com uma gama dinâmica de voz que lhe permite fazer o que quer com confiança e tenacidade, é também uma compositora de melodias calorosas e inesperadas – que transforma a mais canónica das canções num desflorar de espantos e surpresas. Geralmente pequenas – à volta dos 2 ou 3 minutos -, com um piano linear e abrasivo ao estilo cabaré e lá-lá-lá. A voz, cantada em inglês com um ligeiro sotaque escandinavo, tem gravação dupla – Frida está sempre em dueto consigo mesma, conseguindo com isso uma dinâmica que, embora se perca ao vivo, demonstra bem a inteligência da autora.
Mas o mais importante são as letras. "I Drive My Friend", a faixa de abertura, dá muitas pistas sobre o tipo de coisas que é expectável encontrar. Há uma noite de copos que finda em ambiente romântico, com um beijo que a faz sentir melhor do que em qualquer outro momento, depois um querer esperar o resto da vida pelo outro e um final que inverte os acontecimentos: “I have everything / a driver's licence, a car and a song to sing”. Numa história trágico-cómica mais ou menos densa, Frida olha para o lado, assobia, vê trivialidades e, não rebaixando os homens, não lhes dá nem tira importância, nem caricatura, havendo já quem a veja como porta-estandarte de um feminismo moderno, no habitat multi-colorido da música popular. É à custa dessas trivialidades, da linguagem frontal e descomplexada (“Once I felt your cock against my thigh”), das referências homo e heterossexuais e da falsa inocência, que Hyvönen consegue demarcar-se do livro do estilo, com poucos chavões ou clichés. São segredos que nunca esperámos que as mulheres não trocassem senão entre elas. Receber de borla as confissões mais auto-comiserativas do sexo feminino é sempre de aproveitar.
tgoncalves@bodyspace.net
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