DISCOS
Funkstorung
Appendix
· 18 Mai 2007 · 08:00 ·
Funkstorung
Appendix
2007
K7 / Popstock!


Sítios oficiais:
- Funkstorung
- K7
- Popstock!
Funkstorung
Appendix
2007
K7 / Popstock!


Sítios oficiais:
- Funkstorung
- K7
- Popstock!
Segundo aglomerado de remisturas declara este como o momento certo para encerrar a carreira da dupla de produtores alemães.
(acrescentar aqui a introdução #32 que frise a incapacidade de um disco de remisturas em superar os seus equivalentes originais)

Não significa isso que a dupla alemã Funkstörung não acumule mais-valias estéticas capazes de preencher personalizadamente um segundo disco de remisturas que, além de armazenar o que sucedeu a Additional Productions, assinala também o adeus às armas (e sintetizadores) por parte dos autores de Disconnected. Os Funkstörung têm bem dominados os ensinamentos de dez anos amadurecidos entre o techno e breakbeat mais massivo, mas, enquadrados em tão exigente linhagem como é a alemã, não dispõem de argumentos para competir com a fervilhante actualidade da B-Pitch Control, com a intemporalidade e solidez autónoma da Kompakt ou com o alcance entranhável da Shitkatapult de dupla nacionalidade. Em termos simples, dir-se-ia sobre Appendix que inclui mão cheia de faixas convincentemente simpáticas e também desequilibrante mão cheia de apropriações sem ponta de inovação que lhes mereça o título de reinvenção. Efectuada a devida dedução, sobra uma reacção neutra. Isso não basta a um disco para se impor actualmente.

Appendix pode até gabar-se de ter como início duas revisões tão bombásticas como desrespeitosas perante alguma etiqueta que se pudesse desejar para tornar mais elegante a electrónica de discotecas exclusivas. “1st Stroke” subverte o mais sedutor r&b nocturno dos Spacek ao ponto deste muito se assemelhar ao combinado de loops empolgantes que pudessem um dia ser produzidos por um laptop que tivesse a tonificada libido R. Kelly no lugar do disco rígido. “Trick or Treat”, recuperado ao produtor Phon.O, chama até si a arte do kung-fu para distribuir sobre uns sussurros de linha erótica uma valente dose de beats com funk na biqueira do sapato. O prémio de valentia Macro (filiada em dub de grandes dimensões), atribuído pela Academia Kevin Martin (que tem tudo para ganhar o campeonato Hyper Dub com o seu novo projecto Pressure), vai direitinho a uma “Sustain” que serve nem que seja para provar que este Appendix não existe por acaso.

O indicador de entusiasmo só aponta para a zona cinzenta quando os Funkstörung zelam em demasia pela segurança das ideias pré-concebidas em relação aos visados ou, quando inversamente, as arruínam por completo. “All is Full is Love”, segunda mistura para o tema de paixão robótica a cargo de Björk (mecenas da remistura), vê ser-lhe aplicada uma tão densa cobertura de glitch repetitivo que se torna imediatamente um martírio escutá-la. Bem se sabe que os Lamb podem até ser um alvo fácil a apontar à electrónica datada e os Funkstörung também não dignificam a remistura de "Heaven" além de um bip-hop constante, que normalmente serve a temas de spots publicitários convencidíssimos de que a emulação dos Portishead é possível com a contratação de um produtor de segundo escalão que não conhece sequer dois discos à vaga de Bristol. Os Funkstörung conhecem bem os utensílios de produção que ofereceram os doze anos mantidos no activo (1994-2006), mas, a confirmar-se a saturação evidenciada por Appendix, o melhor mesmo foi terem-se ficar por aqui.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

Parceiros