As dez melhores cançÔes de sempre neste preciso momento #4 - John Fell Ryan (Excepter)
· 17 Out 2006 · 08:00 ·
John Fell Ryan Ă© o mentor dos Excepter, os excĂȘntricos nova-iorquinos autores de Alternation (5 Rue Christine, 2006), mais um contributo para a sua visĂŁo criativa e desafiante da mĂșsica de dança. O Bodyspace pediu-lhe as 10 melhores cançÔes de sempre neste preciso momento; ele escolheu 10 temas totalmente distintos. Nas suas descriçÔes (algumas delas inteligĂveis) encontramos pistas para as referĂȘncias disformes que habitam a criatura Excepter.
John Fell Ryan: Eis uma lista de 10 discos que andam a circundar a minha consciĂȘncia nos Ășltimos tempos. NĂŁo seguem nenhuma ordem particular. Nuff ranking.
1 âHathorâ, Igor Wakhevitch: Descobri este tipo a partir do mesmo escriba que ajudou a perpetuar a ideia dos Excepter como âum disco de houseâ. Wakhevitch Ă© um compositor avant-garde francĂȘs que editou uma sĂ©rie de discos bizarros e ocultos. Este, Hathor, foi feito depois de ele estudar com Terry Riley: anda entre coros, drones electrĂłnicos, encantamentos e bateria kraut â uma cena verdadeiramente de cientista louco que combina bem com as noites negras que passo sozinho no Castelo Excepter.
2 âWhammy!â, B-52’s: NĂŁo sei se os B-52âs sĂŁo respeitados o suficiente pela sua originalidade. NinguĂ©m soa como eles. As guitarras, a electrĂłnica, as vozes, as cançÔes sĂŁo totalmente Ășnicas, completamente deles. Mesmo as palmas nĂŁo seguem clichĂ©s. Suponho que sejam penalizados por serem populares e kitsch, mas tĂȘm um lado hermĂ©tico. A referĂȘncia ao lançamento de feitiços no tĂtulo faz sentido.
3 âThe sweatâ, Black Odyssey: Andei Ă procura deste 12ââ anos e anos e finalmente os meus espiĂ”es robĂŽs encontraram-no. House/tecno de Detroit perfeito com um som de tarola virado do avesso e filtrado. As vozes femininas reduzem a cena da pista de dança a uma fĂłrmula de intensidade alternada e sempre em crescendo: âThe lights. The heat. The strobe. THE SWEATâ. O Ășltimo objectivo parece ser o da sublimação.
4 âThirteen question methodâ, Chuck Berry: Berry dĂĄ uma estratĂ©gia socrĂĄtica passo-a-passo para nos metermos em vestidos de menores nos anos 50. Duas coisas dignas de registo: metade dos passos nĂŁo sĂŁo questĂ”es e hĂĄ apenas doze deles. Para alĂ©m disso, Berry oferece-se para ir buscar o seu engate quando faltam â15 para as 11â. A resposta? Apenas os grandes numerĂłlogos a conhecem verdadeiramente.
5 âThe quartet of Doc Shanleyâ, The Fall: Neste tema com baixo cheio de fuzz, a namorada de entĂŁo de Mark E. Smith e feiticeira da electrĂłnica Julie Nagle repete: âIf youâre like me, you are a complete and utter pranny. You will know what I mean when I say ârecipeâ.â A solução para este enigma deve ser o facto de eu nĂŁo ser como ela.
6 âLove at first sightâ, The Gist: Dan Hougland forçou-me a comprar este e com uma boa razĂŁo. Ă um projecto de estĂșdio de Stuart Moxham depois dos Young Marble Giants e tem mais ou menos as mesmas pessoas, mas Ă© mais electrĂłnico, dubby e convulsivo. Conta poeticamente os detalhes das sensaçÔes que emanam daquela actividade extremamente fofinha que Ă© apaixonarmo-nos por uma rapariga do metro. O ritmo vacilante sobre o qual o tĂtulo Ă© cantado cria o equivalente aural Ă imagem de colunas em ruĂnas a reerguerem-se num Partenon de vergonha. Cena porreira.
7 âMagicâ, The Cars: A atracção Ăłbvia para esta canção Ă© a linha principal de sintetizador que surge como uma alucinação de uma Dreammachine. A Ășltima vez que a ouvi foi numa jukebox num bar baixo, o que anulou os agudos e deixou apenas o baixo - soava como uma canção country dos anos 70. Outro dado para o seu apelo mĂstico?
8 âIf Iâ, Horace Andy: HĂĄ algo na forma como o Andy acrescenta uma sĂlaba extra ao âyeahâ nesta faixa que transforma o disco, como se o tempo virasse ao contrĂĄrio na sua Ășvula.
9 âNot a care in the worldâ, Beat Happening: Perdida numa compilação em 7ââ que vinha gratuitamente com uma revista para raparigas, esta deve ser a canção mais forte de Heather [a vocalista da banda de Calvin Johnson]. Ela foi sempre o coração adulto da banda. As cançÔes dela sĂŁo sobre a morte, coraçÔes despedaçados, relaçÔes reais. Esta canção devia tirar aquela merda da Patsy Cline das jukeboxes. âIâm so drunk I couldnât careâ? Despedida brutal.
10 "Down on the street", The Stooges: Se calhar vou em frente e tatuo a forma da onda sonora desta canção na minha espinha.
Pedro RiosJohn Fell Ryan: Eis uma lista de 10 discos que andam a circundar a minha consciĂȘncia nos Ășltimos tempos. NĂŁo seguem nenhuma ordem particular. Nuff ranking.
1 âHathorâ, Igor Wakhevitch: Descobri este tipo a partir do mesmo escriba que ajudou a perpetuar a ideia dos Excepter como âum disco de houseâ. Wakhevitch Ă© um compositor avant-garde francĂȘs que editou uma sĂ©rie de discos bizarros e ocultos. Este, Hathor, foi feito depois de ele estudar com Terry Riley: anda entre coros, drones electrĂłnicos, encantamentos e bateria kraut â uma cena verdadeiramente de cientista louco que combina bem com as noites negras que passo sozinho no Castelo Excepter.
2 âWhammy!â, B-52’s: NĂŁo sei se os B-52âs sĂŁo respeitados o suficiente pela sua originalidade. NinguĂ©m soa como eles. As guitarras, a electrĂłnica, as vozes, as cançÔes sĂŁo totalmente Ășnicas, completamente deles. Mesmo as palmas nĂŁo seguem clichĂ©s. Suponho que sejam penalizados por serem populares e kitsch, mas tĂȘm um lado hermĂ©tico. A referĂȘncia ao lançamento de feitiços no tĂtulo faz sentido.
3 âThe sweatâ, Black Odyssey: Andei Ă procura deste 12ââ anos e anos e finalmente os meus espiĂ”es robĂŽs encontraram-no. House/tecno de Detroit perfeito com um som de tarola virado do avesso e filtrado. As vozes femininas reduzem a cena da pista de dança a uma fĂłrmula de intensidade alternada e sempre em crescendo: âThe lights. The heat. The strobe. THE SWEATâ. O Ășltimo objectivo parece ser o da sublimação.
4 âThirteen question methodâ, Chuck Berry: Berry dĂĄ uma estratĂ©gia socrĂĄtica passo-a-passo para nos metermos em vestidos de menores nos anos 50. Duas coisas dignas de registo: metade dos passos nĂŁo sĂŁo questĂ”es e hĂĄ apenas doze deles. Para alĂ©m disso, Berry oferece-se para ir buscar o seu engate quando faltam â15 para as 11â. A resposta? Apenas os grandes numerĂłlogos a conhecem verdadeiramente.
5 âThe quartet of Doc Shanleyâ, The Fall: Neste tema com baixo cheio de fuzz, a namorada de entĂŁo de Mark E. Smith e feiticeira da electrĂłnica Julie Nagle repete: âIf youâre like me, you are a complete and utter pranny. You will know what I mean when I say ârecipeâ.â A solução para este enigma deve ser o facto de eu nĂŁo ser como ela.
6 âLove at first sightâ, The Gist: Dan Hougland forçou-me a comprar este e com uma boa razĂŁo. Ă um projecto de estĂșdio de Stuart Moxham depois dos Young Marble Giants e tem mais ou menos as mesmas pessoas, mas Ă© mais electrĂłnico, dubby e convulsivo. Conta poeticamente os detalhes das sensaçÔes que emanam daquela actividade extremamente fofinha que Ă© apaixonarmo-nos por uma rapariga do metro. O ritmo vacilante sobre o qual o tĂtulo Ă© cantado cria o equivalente aural Ă imagem de colunas em ruĂnas a reerguerem-se num Partenon de vergonha. Cena porreira.
7 âMagicâ, The Cars: A atracção Ăłbvia para esta canção Ă© a linha principal de sintetizador que surge como uma alucinação de uma Dreammachine. A Ășltima vez que a ouvi foi numa jukebox num bar baixo, o que anulou os agudos e deixou apenas o baixo - soava como uma canção country dos anos 70. Outro dado para o seu apelo mĂstico?
8 âIf Iâ, Horace Andy: HĂĄ algo na forma como o Andy acrescenta uma sĂlaba extra ao âyeahâ nesta faixa que transforma o disco, como se o tempo virasse ao contrĂĄrio na sua Ășvula.
9 âNot a care in the worldâ, Beat Happening: Perdida numa compilação em 7ââ que vinha gratuitamente com uma revista para raparigas, esta deve ser a canção mais forte de Heather [a vocalista da banda de Calvin Johnson]. Ela foi sempre o coração adulto da banda. As cançÔes dela sĂŁo sobre a morte, coraçÔes despedaçados, relaçÔes reais. Esta canção devia tirar aquela merda da Patsy Cline das jukeboxes. âIâm so drunk I couldnât careâ? Despedida brutal.
10 "Down on the street", The Stooges: Se calhar vou em frente e tatuo a forma da onda sonora desta canção na minha espinha.
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