Vodafone Paredes de Coura
Praia Fluvial do Taboão
13-17 Ago 2013
Voltem para o Sudoeste!

O último dia começa com um lembrete de que este foi provavelmente um dos melhores festivais a que se já foi: lamento por quem perdeu uma valiosa barra de ouro, mas se te serve de consolo ajudou bastante a que me apercebesse de que os Black Bombaim deram o melhor concerto do festival. Se na passada 2ª feira pudemos assistir in loco à maré de Perseidas que adornou a noite Courense, hoje um enorme cometa passou pelo palco principal, trazendo consigo paisagens cósmicas, desertas, Cowboy Bebop adaptado à urgência - ou falta dela - stoner, uma jarda descomunal que se afirmou mais alto que as demais constelações que faziam parte do cartaz. Tão compenetrados estavam que ultrapassaram o limite de tempo, uma verdadeira lástima; se tocassem por mais duas horas ninguém notaria a diferença de qualidade. Já Ducktails baixou o nível de choque através das suas canções polidas e fofinhas, fofinhas e polidas, casais trintões disfrutando alegremente da cena indie e um abandono prematuro quando começam as canções de The Flower Lane (que, convenhamos, é um disco absolutamente horrendo). Os Palma Violets, que trouxeram a sua quota parte de meninada, estão neste momento a deambular por territórios power pop, esgotado que estava o plágio aos Spiritualized.

Os Calexico começam algo mornos, mas redimem-se ao começar aquele belíssimo mariachi indie que coloca imensa gente a dançar e a abanar o seu sombrero (viu-se pelo menos um), sendo o ponto mais alto "Corona", essa enorme canção dos Minutemen, e "Guero Canelo", a terminar o concerto em apoteose total de suor, lágrimas, diários a rum; os Calexico teriam ganho a noite não fora a excelente prestação dos veteranos Belle & Sebastian, concerto intimista q.b. por via das subidas ao palco de jovens fãs, pela interacção com o público, por "The Blues Are Still Blue" (era ver um idiota erguer um cachecol do Mágico Porto) e "Funny Little Frog". Os Belle & Sebastian despediram-se sobre uma enorme ovação após terem feito a festa toda, mundo acriançado e magnífico onde brotam arco-íris, as marés constroem-se de algodão-doce e existem rebuçados a bater no lugar do coração. Gigantes.

O fim do set dos Justice em modo Sudoeste ditou igualmente o fim do festival no que a concertos diz respeito - estava frio, estava cego e estou velho - mas tenho que o dizer: Paredes de Coura surpreendeu-me. Excepção feita à aglomeração de imbecis que acontece em quase todos os festivais de verão, o ambiente de celebração que aqui se vive tem paralelo com muito poucos casos. Só o Milhões o superará, e dado o ligeiro desapontamento com este ano, Paredes de Coura '13 pode muito bem ficar para a história como salvação. Ou dar o mote para que Barcelos volte a conquistar o campeonato no ano que vem. Não te esqueças dos Yawning Man, Marcinho.
· 25 Ago 2013 · 10:21 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com