Optimus Alive 2012
Passeio Marítimo de Algés
13-15 Jul 2012
DIA 2 |
Aquando da notícia do cancelamento de Florence + The Machine muitos foram os que - se não se indignando com questões estúpidas - choraram a não-vinda da "voz", como se não houvesse outra garganta para além da de miss Welch. Os fãs acérrimos desta podem não acreditar, mas elas existem: uma delas abriu o palco secundário com um dos melhores concertos que o festival acolheu este ano. Lisa Hannigan foi extraordinária na apresentação da sua folk perante um público bem composto (tendo ela própria ficado surpreendida com tamanha moldura humana), canções onde não só esta raiz mas igualmente outros géneros ou, como fazer de um bandolim uma coisa altamente rock n' roll, couberam durante os cerca de quarenta minutos com que deixou estarrecidos os presentes. No final a sensação era uma apenas; se a tivessem transposto para o palco principal em vez de repescar os velhinhos Morcheeba teriam aqui algo para mitificar para sempre o Optimus Alive. Assim, foi apenas uma excelente surpresa - venham mais assim - e não uma oportunidade para educar plebeus. Paulo Cecílio
Logo após os We Trust colocarem, uma vez mais, meio mundo a cantar "Time (Better Not Stop)", no palco principal, os The Antlers subiram ao palco Heineken para, também eles, proporcionarem um belo concerto. Sendo verdade que para muita gente Hospice é um dos melhores discos da década passada, não menos é que muitos outros olham para os Antlers como apenas mais-uma-banda-indie-choninhas; no entanto, ao vivo o quarteto de Brooklyn supera quaisquer falhas que se possam encontrar em disco e enchem o espaço de maravilhoso ruído pop a que chamaremos doravante slowgaze, se é que este rótulo não tem já copyright. Com o falsete de Peter Silberman a arrepiar caminho por entre o reverb das guitarras e as espinhas dos presentes, os Antlers tocaram longas canções que devem tanto aos Low como aos My Bloody Valentine, e proporcionaram um concerto bastante agradável - quando não superior. Se se lhes era exigido alguma coisa não se sabe, mas os Antlers ofereceram tudo quanto tinham. Para gáudio nosso. Paulo Cecílio
Os Mumford & Sons mostraram-se muito felizes por estarem a tocar pela primeira vez em Portugal. Alguns deles vestem coletes e, embora estejamos à beira-Tejo, somos transportados para prados verdejantes e com cavalos à solta. Pelo menos é isso que me vem à cabeça perante aquele figurino e as harmonias folk da banda liderada por Marcus Mumford – o pai espiritual. Mas confesso que prefiro as músicas do Éme sobre adormecer onde não se deve e depois acordar todo estranho. Não é que estes ingleses sejam intoleráveis. Não ofendem ninguém, mas também não cativam por aí além. Pode não ser mau para ouvir à lareira enquanto se bebe Bushmills durante uma noite chuvosa, mas não entusiasma muito num final de tarde em pleno Verão. A música que, ainda assim, mais se destacou foi “Dust Bowl Dance”, que começou a capella e terminou após uns momentos de fúria, como se uma violenta tempestade emocional se tivesse abatido sobre o Palco Optimus. Hugo Rocha Pereira
Antes dos Morcheeba (substituíram Florence + the Machine, que cancelou o concerto por alegados problemas nas cordas vocais) subirem ao palco fui ver se a minha massa havaiana estava pronta. (Dica importante para quem não quer passar fome na zona de imprensa: se disserem que faltam quarenta minutos para o vosso pedido estar pronto – aqui há horas de ponta como em qualquer outro lado –, não perdem nada em passar por lá uns vinte minutos mais cedo. Há sempre pessoal que se esquece ou deixa passar a vez. Não tem nada de mal: assim a comida não arrefece e despacham-se para ver os concertos.) Voltando aos palcos, até cheguei a curtir algumas cenas de Morcheeba, principalmente na altura de Big calm e Fragments of Freedom, mas já nessa altura os britânicos alinhavam numa espécie de segunda liga do trip-hop. Em 2012, apesar do regresso da emblemática vocalista Skye Edwards, têm ainda menos relevo. Mesmo assim, soube bem recordar a sensualidade calma de “The Sea” ou a toada mais reggae/dub de “Otherwise” antes de passar ao prato principal da noite. Hugo Rocha Pereira
Ouvi dizer que Tricky andou no meio do público a ver uns concertos. Horas depois haveria de subir ao Palco Heineken para proporcionar um dos momentos altos do Alive’12. Tinha ficado bastante desiludido ao saber que Martina Topley-Bird afinal não o acompanharia a Portugal, pelo que o concerto não seria integralmente dedicado ao incontornável Maxinquaye, mas ao fim de uma hora e um quarto bem intenso “frustração” era o último pensamento que me ocorria. Um sample de Nina Simone anunciava que o Tricky Kid estava bem disposto. O sorriso no rosto e a cerveja ao alto confirmavam-no. Já a fumaça que lhe saía da boca tratava de contaminar as batidas, narcóticas, pesadonas. De "Really Real" a “Where I’m From”, Tricky pode até transmitir alheamento ou abstracção, em danças que parecem lutas consigo próprio, mas sabe perfeitamente que um concerto é feito das trocas de energia entre o palco e o público. Quando toca o malhão incrível que é “Black Steel” (perdoem-me a heresia, mas esta versão supera o original de Public Enemy) podemos pensar que é cedo demais para lançar um trunfo destes… mas de seguida volta a jogar forte: puxa dum ás de espadas – outra versão, esta vez do clássico de Motörhead – e convoca o pessoal a partilhar o palco pela primeira vez. Se agora houve quem pulasse e fizesse headbanging ou partilhasse o micro com ele, no fim do concerto foi o próprio Tricky a pairar sobre as cabeças dos fãs. Entre estes dois momentos a coisa acalmou um pouco, com “Puppy Toy” ou “Past Mistake”. Depois houve ainda lugar a encore para aqueles que não foram procurar antídoto para tanto veneno. Hugo Rocha Pereira
Enquanto os Cure desfiavam hits duma recheada carreira, a jovem Katy B (de belo-pedaço-de-mau-caminho?) fazia o Palco Heineken saltar ao som de temas originais e alheios, como no medley em que se sucederam “Who Let the Dogs Out”, “Show Me Love”, “Jump Around” (de há uns anos a esta parte toda a gente passa o hino dos House of Pain) ou “Sweet Dreams”, dando um toque de dubstep ao tema de Eurythmics. A jovem inglesa foi a todas, aliás, da electrónica ao pop e ao R&B, em canções como “Perfect Stranger” ou “Lights On”, num misto de concerto com live act celebratório. Hugo Rocha Pereira
Para os The Cure algo é mais do que certo: não se fazem canções como antigamente. Daí que durante três horas que, ao contrário do que se vaticinava, não se revelaram secantes em ponto algum - e que os vários desistentes não se atrevam a dizer o contrário, pois claramente não têm estaleca para tamanha demonstração de afecto, já que os Cure têm de ser apreciados agarrados a mulheres bonitas (ou homens) para que se possa sentir todo o romantismo em seu torno -, a ênfase tenha sido colocada sobretudo nos discos do período áureo da banda britânica, a década de 80, onde foram discutivelmente uma das melhores bandas do mundo - basta ouvir Pornography ou Disintegration. "Plainsong" e "Pictures Of You" deram o mote, "Lovesong" e "Just Like Heaven" viriam a seguir, "Friday I'm In Love" colocou compreensivelmente todos a cantar em uníssono e o ritmo hipnótico de "A Forest" juntamente com a suicidária "One Hundred Years" seriam os grandes momentos da primeira parte do concerto, estando reservados três encores de onde se destacam especialmente a infalível "Boys Don't Cry" e "Killing An Arab" em registo hard, a fechar. Enorme na duração, no sentimento, e na música: os The Cure merecem cada pedaço do culto que têm. Bandas assim nunca chegarão a velhas. A restante noite viveu na dúvida sobre qual dos dois ignorar mais: se James Murphy se os Blasted Mechanism. Paulo Cecílio
Logo após os We Trust colocarem, uma vez mais, meio mundo a cantar "Time (Better Not Stop)", no palco principal, os The Antlers subiram ao palco Heineken para, também eles, proporcionarem um belo concerto. Sendo verdade que para muita gente Hospice é um dos melhores discos da década passada, não menos é que muitos outros olham para os Antlers como apenas mais-uma-banda-indie-choninhas; no entanto, ao vivo o quarteto de Brooklyn supera quaisquer falhas que se possam encontrar em disco e enchem o espaço de maravilhoso ruído pop a que chamaremos doravante slowgaze, se é que este rótulo não tem já copyright. Com o falsete de Peter Silberman a arrepiar caminho por entre o reverb das guitarras e as espinhas dos presentes, os Antlers tocaram longas canções que devem tanto aos Low como aos My Bloody Valentine, e proporcionaram um concerto bastante agradável - quando não superior. Se se lhes era exigido alguma coisa não se sabe, mas os Antlers ofereceram tudo quanto tinham. Para gáudio nosso. Paulo Cecílio
Os Mumford & Sons mostraram-se muito felizes por estarem a tocar pela primeira vez em Portugal. Alguns deles vestem coletes e, embora estejamos à beira-Tejo, somos transportados para prados verdejantes e com cavalos à solta. Pelo menos é isso que me vem à cabeça perante aquele figurino e as harmonias folk da banda liderada por Marcus Mumford – o pai espiritual. Mas confesso que prefiro as músicas do Éme sobre adormecer onde não se deve e depois acordar todo estranho. Não é que estes ingleses sejam intoleráveis. Não ofendem ninguém, mas também não cativam por aí além. Pode não ser mau para ouvir à lareira enquanto se bebe Bushmills durante uma noite chuvosa, mas não entusiasma muito num final de tarde em pleno Verão. A música que, ainda assim, mais se destacou foi “Dust Bowl Dance”, que começou a capella e terminou após uns momentos de fúria, como se uma violenta tempestade emocional se tivesse abatido sobre o Palco Optimus. Hugo Rocha Pereira
Antes dos Morcheeba (substituíram Florence + the Machine, que cancelou o concerto por alegados problemas nas cordas vocais) subirem ao palco fui ver se a minha massa havaiana estava pronta. (Dica importante para quem não quer passar fome na zona de imprensa: se disserem que faltam quarenta minutos para o vosso pedido estar pronto – aqui há horas de ponta como em qualquer outro lado –, não perdem nada em passar por lá uns vinte minutos mais cedo. Há sempre pessoal que se esquece ou deixa passar a vez. Não tem nada de mal: assim a comida não arrefece e despacham-se para ver os concertos.) Voltando aos palcos, até cheguei a curtir algumas cenas de Morcheeba, principalmente na altura de Big calm e Fragments of Freedom, mas já nessa altura os britânicos alinhavam numa espécie de segunda liga do trip-hop. Em 2012, apesar do regresso da emblemática vocalista Skye Edwards, têm ainda menos relevo. Mesmo assim, soube bem recordar a sensualidade calma de “The Sea” ou a toada mais reggae/dub de “Otherwise” antes de passar ao prato principal da noite. Hugo Rocha Pereira
Ouvi dizer que Tricky andou no meio do público a ver uns concertos. Horas depois haveria de subir ao Palco Heineken para proporcionar um dos momentos altos do Alive’12. Tinha ficado bastante desiludido ao saber que Martina Topley-Bird afinal não o acompanharia a Portugal, pelo que o concerto não seria integralmente dedicado ao incontornável Maxinquaye, mas ao fim de uma hora e um quarto bem intenso “frustração” era o último pensamento que me ocorria. Um sample de Nina Simone anunciava que o Tricky Kid estava bem disposto. O sorriso no rosto e a cerveja ao alto confirmavam-no. Já a fumaça que lhe saía da boca tratava de contaminar as batidas, narcóticas, pesadonas. De "Really Real" a “Where I’m From”, Tricky pode até transmitir alheamento ou abstracção, em danças que parecem lutas consigo próprio, mas sabe perfeitamente que um concerto é feito das trocas de energia entre o palco e o público. Quando toca o malhão incrível que é “Black Steel” (perdoem-me a heresia, mas esta versão supera o original de Public Enemy) podemos pensar que é cedo demais para lançar um trunfo destes… mas de seguida volta a jogar forte: puxa dum ás de espadas – outra versão, esta vez do clássico de Motörhead – e convoca o pessoal a partilhar o palco pela primeira vez. Se agora houve quem pulasse e fizesse headbanging ou partilhasse o micro com ele, no fim do concerto foi o próprio Tricky a pairar sobre as cabeças dos fãs. Entre estes dois momentos a coisa acalmou um pouco, com “Puppy Toy” ou “Past Mistake”. Depois houve ainda lugar a encore para aqueles que não foram procurar antídoto para tanto veneno. Hugo Rocha Pereira
Enquanto os Cure desfiavam hits duma recheada carreira, a jovem Katy B (de belo-pedaço-de-mau-caminho?) fazia o Palco Heineken saltar ao som de temas originais e alheios, como no medley em que se sucederam “Who Let the Dogs Out”, “Show Me Love”, “Jump Around” (de há uns anos a esta parte toda a gente passa o hino dos House of Pain) ou “Sweet Dreams”, dando um toque de dubstep ao tema de Eurythmics. A jovem inglesa foi a todas, aliás, da electrónica ao pop e ao R&B, em canções como “Perfect Stranger” ou “Lights On”, num misto de concerto com live act celebratório. Hugo Rocha Pereira
Para os The Cure algo é mais do que certo: não se fazem canções como antigamente. Daí que durante três horas que, ao contrário do que se vaticinava, não se revelaram secantes em ponto algum - e que os vários desistentes não se atrevam a dizer o contrário, pois claramente não têm estaleca para tamanha demonstração de afecto, já que os Cure têm de ser apreciados agarrados a mulheres bonitas (ou homens) para que se possa sentir todo o romantismo em seu torno -, a ênfase tenha sido colocada sobretudo nos discos do período áureo da banda britânica, a década de 80, onde foram discutivelmente uma das melhores bandas do mundo - basta ouvir Pornography ou Disintegration. "Plainsong" e "Pictures Of You" deram o mote, "Lovesong" e "Just Like Heaven" viriam a seguir, "Friday I'm In Love" colocou compreensivelmente todos a cantar em uníssono e o ritmo hipnótico de "A Forest" juntamente com a suicidária "One Hundred Years" seriam os grandes momentos da primeira parte do concerto, estando reservados três encores de onde se destacam especialmente a infalível "Boys Don't Cry" e "Killing An Arab" em registo hard, a fechar. Enorme na duração, no sentimento, e na música: os The Cure merecem cada pedaço do culto que têm. Bandas assim nunca chegarão a velhas. A restante noite viveu na dúvida sobre qual dos dois ignorar mais: se James Murphy se os Blasted Mechanism. Paulo Cecílio
· 16 Jul 2012 · 17:32 ·
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