Camané
Coliseu dos Recreios, Lisboa
16 Mai 2008
O cantor surge ao fundo do palco, sentado numa cadeira vermelha. O espectáculo abre com um dos mais belos temas do novo disco, “Sei de um rioâ€. Camané faz uma interpretação elegantÃssima, combinando os momentos de necessária contenção com uma entrega precisa, numa perfeição só sua. A interpretação é óptima, mas fica a ideia de que o trunfo terá sido gasto demasiado cedo, quando estávamos ainda no perÃodo de aquecimento. Camané levanta-se, o espectáculo prossegue e centra-se nos temas do novo disco, e pelo meio vão sendo intercalados alguns “clássicosâ€.
Na guitarra portuguesa, José Manuel Neto; na guitarra clássica (ou viola, como “eles†lhe chamam), Carlos Manuel Proença; no contrabaixo, Paulo Paz – trio eficientÃssimo. E lá pelo meio surge o convidado Carlos Bica, que leva o espectáculo a fugir à produção conservadora de José Mário Branco. Camané canta em dueto com Bica e ficamos com vontade de ouvir Camané cantar um fado menos “fechadoâ€. Depressa tomamos consciência que essa curiosidade é passageira, apenas. Do que nós gostamos mesmo em Camané é dessa permanente elegância, ancorada numa produção sóbria e no canto feito de subtilezas.
Camané não facilita, não pega em temas populares, limita-se ao seu repertório original e vai assim desenvolvendo uma carreira Ãmpar. E mesmo partido desse princÃpio, os êxitos não faltam: “Mais um Fado no Fado†ou “Marcha do Bairro Alto†já são clássicos do próprio Camané e do fado contemporâneo. Do meio da plateia, Carlos do Carmo assiste à consagração do seu natural sucessor. O mais importante sÃmbolo vivo do fado aplaude e esse aplauso simboliza a passagem de testemunho ao mais notável representante da contemporaneidade do fado. Sentado ao lado de Carlos do Carmo, Sérgio Godinho assiste à interpretação de “Sonhar Durante o Fadoâ€, um original da sua pena (e um dos menos convencionais do programa).
No final, os encores sucedem-se, o público não deixa Camané descansar. Não falhou ainda o clássico “Ela tinha uma amiga†(ou o elogio da segunda escolha). A repescagem de “Sei de um rio†foi, desta vez, arrepiante. E para despedida definitiva Camané ofereceu uma pungente versão de “ComplicadÃssima Teiaâ€, a cappella. Não houve “show offâ€, não houve exibicionismos. O cantor foi fiel a si próprio e isso basta para o público fazer o reconhecimento: Camané chegou ao cume da sua arte.
Na guitarra portuguesa, José Manuel Neto; na guitarra clássica (ou viola, como “eles†lhe chamam), Carlos Manuel Proença; no contrabaixo, Paulo Paz – trio eficientÃssimo. E lá pelo meio surge o convidado Carlos Bica, que leva o espectáculo a fugir à produção conservadora de José Mário Branco. Camané canta em dueto com Bica e ficamos com vontade de ouvir Camané cantar um fado menos “fechadoâ€. Depressa tomamos consciência que essa curiosidade é passageira, apenas. Do que nós gostamos mesmo em Camané é dessa permanente elegância, ancorada numa produção sóbria e no canto feito de subtilezas.
Camané não facilita, não pega em temas populares, limita-se ao seu repertório original e vai assim desenvolvendo uma carreira Ãmpar. E mesmo partido desse princÃpio, os êxitos não faltam: “Mais um Fado no Fado†ou “Marcha do Bairro Alto†já são clássicos do próprio Camané e do fado contemporâneo. Do meio da plateia, Carlos do Carmo assiste à consagração do seu natural sucessor. O mais importante sÃmbolo vivo do fado aplaude e esse aplauso simboliza a passagem de testemunho ao mais notável representante da contemporaneidade do fado. Sentado ao lado de Carlos do Carmo, Sérgio Godinho assiste à interpretação de “Sonhar Durante o Fadoâ€, um original da sua pena (e um dos menos convencionais do programa).
No final, os encores sucedem-se, o público não deixa Camané descansar. Não falhou ainda o clássico “Ela tinha uma amiga†(ou o elogio da segunda escolha). A repescagem de “Sei de um rio†foi, desta vez, arrepiante. E para despedida definitiva Camané ofereceu uma pungente versão de “ComplicadÃssima Teiaâ€, a cappella. Não houve “show offâ€, não houve exibicionismos. O cantor foi fiel a si próprio e isso basta para o público fazer o reconhecimento: Camané chegou ao cume da sua arte.
· 16 Mai 2008 · 08:00 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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