DISCOS
Lloyd Barrett
Mise en Scene
· 08 Fev 2007 · 08:00 ·
Lloyd Barrett
Mise en Scene
2006
Room 40
Sítios oficiais:
- Lloyd Barrett
- Room 40
Mise en Scene
2006
Room 40
Sítios oficiais:
- Lloyd Barrett
- Room 40
Lloyd Barrett
Mise en Scene
2006
Room 40
Sítios oficiais:
- Lloyd Barrett
- Room 40
Mise en Scene
2006
Room 40
Sítios oficiais:
- Lloyd Barrett
- Room 40
Braço de ferro entre matemática concréte e alcance imaginativo mediado por linguagens cinemáticas que nada se parecem com isso.
Num plano antecedente à correspondência que efectua entre as formas sonoras que abarca e a linguagem cinemática que se compromete a reflectir, Mise en Scene surpreende pela instabilidade do terreno que oferece à uma escuta atenta como cabine de tele-transporte, revolucionando-se internamente à passagem de cada um dos seus oito exercícios e sem sequer deixar escrito num bilhete uma pista que sirva ao encalço da sua matreirice. Bem podia ajuda algo como:A infinidade de probabilidades matemáticas de que é capaz um processador computadorizado é impiedosa para com o alcance humano que a persegue e lhe tenha adivinhar o próximo movimento.
Isto porque o ideário sonoro do estreante australiano Lloyd Barrett não exibirá exactamente a espessura digerível de uma papa: acutilantes acústicas medem forças com alucinadas farpas concrète (em permanente mutação), enquanto que o poder manipulador de um software intricadamente maquiavélico trata do resto. Quem escuta (e se perde por aqui), arrisca-se a reproduzir um desalento semelhante ao do mago do xadrez, Kasparov, quando se viu ingloriamente derrotado pela máquina Deep Blue.
Está, portanto, instalado o estado de sítio que provoca a medidas de guerrilha por parte da capacidade mental debilitada por handicap. E o exercitar da imaginação volta ser reclamado para um disco maioritariamente preenchido por velados labirintos electro-acústicos - quando o era ainda recentemente, nesta casa, por pretexto de Morning Tones do conterrâneo m. rösner. Pura coincidência ou não, se atendermos a que a Room 40 é casa comum a Barrett e rösner. Contudo, a aplicação desse precioso recurso é distinta em ambos os discos. Mise en Scene aguça-a como se fosse a bússola decisiva ao trilhar das alegorias que oferece, impele ao seu uso como depósito de reserva para vestígios que surgem em determinada altura e só mais adiantadamente conhecem as peças que os completam em mecânica de puzzle.
Talvez por isso, tudo em Mise en Scene pareça tão longe e tão perto - não se estranha o posicionamento subterrâneo a cenários urbanos que por aí se mantêm durante toda a duração do disco, emergindo apenas com o surgimento de um macro-dub futurista em “The Machine Belly”. Um disco apontado à formação de vagas paisagens cinemáticas passa a estar tão ligado a essa vocação como a outra que procura frisar o determinante papel da memória enquanto blindagem para a imaginação. Em termos da profundidade que alcança o figurativo coelho branco de Matrix, Mise en Scene equivalerá, de certa forma, ao que sobrevive - a longo prazo – a essa passagem pela toca.
migarsenio@yahoo.com
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