DISCOS
The Spook School
Could It Be Different?
· 09 Abr 2018 · 18:43 ·
The Spook School
Could It Be Different?
2018
Slumberland / Alcopop!
Sítios oficiais:
- The Spook School
- Slumberland
- Alcopop!
Could It Be Different?
2018
Slumberland / Alcopop!
Sítios oficiais:
- The Spook School
- Slumberland
- Alcopop!
The Spook School
Could It Be Different?
2018
Slumberland / Alcopop!
Sítios oficiais:
- The Spook School
- Slumberland
- Alcopop!
Could It Be Different?
2018
Slumberland / Alcopop!
Sítios oficiais:
- The Spook School
- Slumberland
- Alcopop!
O elo perdido.
Nesta coisa de escrever sobre música pop, existe um vício de arranjar comparações entre o “novo” e o “velho” numa tentativa de traçar paralelismos e enquadras novas tendências no “grande cenário” que, apesar das boas intenções, não poucas vezes acaba por ser limitador e colocar nas costas dos novatos o peso excessivo das expectativas. Contudo, esse vício não deixa de ser útil (ou até mesmo necessário) como aviso à navegação do público. Por isso mesmo, terão de nos perdoar a comparação do dia: o mais recente disco dos The Spook School é o mais próximo que alguma vez teremos do elo perdido entre o primeiro e o segundo álbum dos The Pains of Being Pure at Heart.
E esta é uma constatação que, mais do que fácil, se torna óbvia quando nos apercebemos que este Could It Be Different? nos chega pelas mãos da Slumberland Records, a mui respeitosa label que também trouxe ao mundo The Pains of Being Pure at Heart (2009) e Belong (2011), algo que poderia ser visto como mera prova circunstancial, não houvessem já entrevistas onde os escoceses admitem a influência. Mas mesmo sem uma confissão escrita, esta é uma linha que se traça facilmente logo quando carregamos play na primeira faixa, a catártica “Still Alive”, e nos pomos a ouvir a rodela por aí fora.
As guitarras fervilhantes e meio ensopadas numa distorção açucarada, o ritmo saltitão que nos impele a saltar sem razão aparente e, bolas!, até mesmo a dicotomia rapaz/rapariga entre Nye Todd/Adam Todd e Anna Cory nas vozes (muito próximo dos melhores momentos de rapport entre Kip Berman e Peggy Wang), muitas coisas aqui fazem lembrar a época áurea dos The Pains of Being Pure at Heart (quando ainda eram de facto uma banda e não um projecto moribundo e a pedir eutanásia, que só se mantém vivo devido às vaidades de Berman).
Contudo, apesar das referências mais que evidentes neste terceiro longa-duração da banda, existe aqui separação que chegue para podermos dizer que os The Spook School ocupam um espaço muito próprio e fazem o suficiente para fugir a acusações de serem demasiado derivativos. Logo no primeiro parágrafo usámos a expressão “elo perdido”; fizemo-lo de forma intencional, pois aqui não encontramos nenhuma camada de guitarras acústicas por baixo da distorção (como havia em TPoBPaH), nem nenhuma parede de som “Phil Spectoriana”(como a que nos toma de assalto em Belong). A produção, aliás, chega a lembrar a despreocupação cool duns The Strokes ou de um sem número de bandas que tentaram replicar essa estética durante a vaga de popularidade do indie rock na década passada.
Mas é no departamento lírico que os The Spook School se evidenciam dos restantes nomes da gaveta do indie rock onde os estamos a enfiar; existem, como é óbvio, as letras sobre amores, desamores e dores de crescimento da praxe, mas também são abordados, explicita e implicitamente, tópicos tão pertinentes quanto os da identidade de género, body image, depressão e suicídio, conferindo aos momentos mais hínicos de pérolas como “Less Than Perfect”, “Keep in Touch”, “While You Were Sleeping” ou “Body” um peso que não estamos habituados a ver em canções do género.
E é por todas estas razões que não deixamos de sentir uma ponta de tristeza quando chegamos ao final de “High School”, balada que encerra o disco e único momento em que os escoceses tiram o pé do acelerador, e nos apercebemos do nível de sucesso que os The Spook School podiam ter atingido tivessem editado este portentoso LP dez anos antes (ou depois, aquando duma inevitável vaga de revivalismo do género). Mas mesmo que o seu lançamento pouco oportuno o impeça de se tornar num registo capaz de marcar uma geração, Could It Be Different? não deixa de ser uma obra capaz de nos fazer rir, chorar, pular de excitação juvenil e dançar desenfreadamente à volta do quarto. Em suma, é um grande disco. E no final de contas, não é isso o que realmente importa?
João MoraisE esta é uma constatação que, mais do que fácil, se torna óbvia quando nos apercebemos que este Could It Be Different? nos chega pelas mãos da Slumberland Records, a mui respeitosa label que também trouxe ao mundo The Pains of Being Pure at Heart (2009) e Belong (2011), algo que poderia ser visto como mera prova circunstancial, não houvessem já entrevistas onde os escoceses admitem a influência. Mas mesmo sem uma confissão escrita, esta é uma linha que se traça facilmente logo quando carregamos play na primeira faixa, a catártica “Still Alive”, e nos pomos a ouvir a rodela por aí fora.
As guitarras fervilhantes e meio ensopadas numa distorção açucarada, o ritmo saltitão que nos impele a saltar sem razão aparente e, bolas!, até mesmo a dicotomia rapaz/rapariga entre Nye Todd/Adam Todd e Anna Cory nas vozes (muito próximo dos melhores momentos de rapport entre Kip Berman e Peggy Wang), muitas coisas aqui fazem lembrar a época áurea dos The Pains of Being Pure at Heart (quando ainda eram de facto uma banda e não um projecto moribundo e a pedir eutanásia, que só se mantém vivo devido às vaidades de Berman).
Contudo, apesar das referências mais que evidentes neste terceiro longa-duração da banda, existe aqui separação que chegue para podermos dizer que os The Spook School ocupam um espaço muito próprio e fazem o suficiente para fugir a acusações de serem demasiado derivativos. Logo no primeiro parágrafo usámos a expressão “elo perdido”; fizemo-lo de forma intencional, pois aqui não encontramos nenhuma camada de guitarras acústicas por baixo da distorção (como havia em TPoBPaH), nem nenhuma parede de som “Phil Spectoriana”(como a que nos toma de assalto em Belong). A produção, aliás, chega a lembrar a despreocupação cool duns The Strokes ou de um sem número de bandas que tentaram replicar essa estética durante a vaga de popularidade do indie rock na década passada.
Mas é no departamento lírico que os The Spook School se evidenciam dos restantes nomes da gaveta do indie rock onde os estamos a enfiar; existem, como é óbvio, as letras sobre amores, desamores e dores de crescimento da praxe, mas também são abordados, explicita e implicitamente, tópicos tão pertinentes quanto os da identidade de género, body image, depressão e suicídio, conferindo aos momentos mais hínicos de pérolas como “Less Than Perfect”, “Keep in Touch”, “While You Were Sleeping” ou “Body” um peso que não estamos habituados a ver em canções do género.
E é por todas estas razões que não deixamos de sentir uma ponta de tristeza quando chegamos ao final de “High School”, balada que encerra o disco e único momento em que os escoceses tiram o pé do acelerador, e nos apercebemos do nível de sucesso que os The Spook School podiam ter atingido tivessem editado este portentoso LP dez anos antes (ou depois, aquando duma inevitável vaga de revivalismo do género). Mas mesmo que o seu lançamento pouco oportuno o impeça de se tornar num registo capaz de marcar uma geração, Could It Be Different? não deixa de ser uma obra capaz de nos fazer rir, chorar, pular de excitação juvenil e dançar desenfreadamente à volta do quarto. Em suma, é um grande disco. E no final de contas, não é isso o que realmente importa?
joao.mvds.morais@outlook.com
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