"Bingo"! O som do Caribe entra-nos pelos headphones e faz-nos sonhar com praias paradisíacas, ameaçadas pelo aquecimento global e pela subida nos níveis do mar. Mas este não se trata de um artefacto perdido de umas quaisquer Antilhas Holandesas, redescoberto por arqueólogos musicais que diminuem a distância entre territórios e passados. Trata-se, isso sim, de uma compilação da música de Terlu, um norte-americano que, tanto quanto se sabe, poderá nunca ter ido ao Caribe - o que não o impede de o emular.

O termo "hipnagógico" tem caído em desuso ao longo dos últimos anos, particularmente no que toca à sua utilização na música, até porque foi usado e abusado ao ponto da paródia. Mas será, provavelmente, o melhor termo que encontraremos para descrever a música que aqui se ouve. Terlu vai buscar a sua inspiração à memória, particularmente à memória de uma infância ingénua e despreocupada, recorrendo também a tecnologia antiga e em desuso: teclados baratos, quase brinquedos, comprados em segunda mão.

É de facto "Bingo" a melhor cartada de Big Bingo, com as melodias a soprar suave e repetidamente, escondendo o ritmo metronómico. Sem esquecer "Siked", que poderia ser não um lado B mas um lado C dos Durutti Column - e é isso que a torna tão apetecível. Ou até mesmo "Relax", que não é uma canção ou o seu título, mas sim uma ordem. Este é um daqueles álbuns que nos cai no colo e nos dá vontade de lhe fazer um cafuné para todo o sempre.