DISCOS
Rainbow Reservoir
Channel Hanna
· 26 Fev 2018 · 18:46 ·
Rainbow Reservoir
Channel Hanna
2018
Odd Box Records
Sítios oficiais:
- Rainbow Reservoir
- Odd Box Records
Channel Hanna
2018
Odd Box Records
Sítios oficiais:
- Rainbow Reservoir
- Odd Box Records
Rainbow Reservoir
Channel Hanna
2018
Odd Box Records
Sítios oficiais:
- Rainbow Reservoir
- Odd Box Records
Channel Hanna
2018
Odd Box Records
Sítios oficiais:
- Rainbow Reservoir
- Odd Box Records
O punk não está morto. Agora faz stand-up
O problema do punk foi ter-se tornado, a certa altura, demasiado sério. Na sua demanda pelo corte total com a pompa e circunstância do rock progressivo, bem como com o livro das regras do rock n' roll que impedia um jovem artista de fazer tudo aquilo que pura e simplesmente lhe apetecesse, o punk tornou-se algo balofo e conservador, rígido tanto a nível sonoro - se quiserem uma visão do futuro, imaginem um quarteto a tocar os mesmos três acordes, para sempre - como lírico - política, política, política, etc., etc., etc..
Felizmente, essa ideia de punk ficou apenas a marinar nas cabeças de um grupo reduzido de pessoas; todos os outros decidiram fazer algo mais da energia e da liberdade concedida pelo género, ora criando o pós-punk ora injectando sangue novo no velho pop/rock. E não só sangue, mas também humor - porque, mesmo sendo o mundo um esférico terrível, também permite que zombemos dele, e do que nele se encontra. E são essas gargalhadas que escutamos em bandas tão díspares (e absolutamente punk na sua essência) como os Smiths ou as Pega Monstro. Ou, agora, nos Rainbow Reservoir.
Expliquemos: os Rainbow Reservoir são um grupo baseado em Oxford, Inglaterra, que apresentam no seu disco de estreia, Channel Hanna, uma sonoridade tipicamente americana - semelhante à de dezenas de outras bandas, nos saudosos anos 80 em que a malta ainda ouvia rádios universitárias. Nem a voz o esconde; o sotaque é imediatamente perceptível. Mas o seu sentido de humor, que talvez devamos deixar no original (wit), é britânico até ao tutano. E, como o bom punk, não poupa nada nem ninguém.
Será difícil arranjar um álbum cujas letras nos façam sorrir tanto como as de Channel Hanna, um disco feito a pensar numa geração que já não tem tempo, nem paciência, quer para as guitarras quer para as canções com mais de três minutos. Tudo aqui é cru e directo: fuzz a dar com pau, o grau certo de velocidade e melodias tão fofas que quase nos sentimos a flutuar dentro de uma enorme nuvem de algodão-doce - se esta estivesse enfeitada com arame farpado. No meio disso tudo, as canções - que são, quase sempre, o mais importante.
Enumeremos: "Brenda" (com aquela versão vestida de stoner do hino britânico, logo ao início, como o menino traquina que chama totós aos pais), "Podium Girls" (detentora do brilhante verso podium girls, you stand for nothing), "Fuzzy" (uma bonita canção de amor para quem gosta de se mascarar de Harley Quinn no Carnaval), "Creepy Kissing - Gold Star Girl" (um tema maravilhosamente subversivo sobre assédio sexual), e "Posh Ponytails" (sobre miúdas betas, o terror da sociedade). Estas, as que nos arrancam mais gargalhadas. As outras só completam aquilo que é um excelente álbum de estreia. Channel Hanna é mais que punk rock: é stand-up comedy da boa.
Paulo CecÃlioFelizmente, essa ideia de punk ficou apenas a marinar nas cabeças de um grupo reduzido de pessoas; todos os outros decidiram fazer algo mais da energia e da liberdade concedida pelo género, ora criando o pós-punk ora injectando sangue novo no velho pop/rock. E não só sangue, mas também humor - porque, mesmo sendo o mundo um esférico terrível, também permite que zombemos dele, e do que nele se encontra. E são essas gargalhadas que escutamos em bandas tão díspares (e absolutamente punk na sua essência) como os Smiths ou as Pega Monstro. Ou, agora, nos Rainbow Reservoir.
Expliquemos: os Rainbow Reservoir são um grupo baseado em Oxford, Inglaterra, que apresentam no seu disco de estreia, Channel Hanna, uma sonoridade tipicamente americana - semelhante à de dezenas de outras bandas, nos saudosos anos 80 em que a malta ainda ouvia rádios universitárias. Nem a voz o esconde; o sotaque é imediatamente perceptível. Mas o seu sentido de humor, que talvez devamos deixar no original (wit), é britânico até ao tutano. E, como o bom punk, não poupa nada nem ninguém.
Será difícil arranjar um álbum cujas letras nos façam sorrir tanto como as de Channel Hanna, um disco feito a pensar numa geração que já não tem tempo, nem paciência, quer para as guitarras quer para as canções com mais de três minutos. Tudo aqui é cru e directo: fuzz a dar com pau, o grau certo de velocidade e melodias tão fofas que quase nos sentimos a flutuar dentro de uma enorme nuvem de algodão-doce - se esta estivesse enfeitada com arame farpado. No meio disso tudo, as canções - que são, quase sempre, o mais importante.
Enumeremos: "Brenda" (com aquela versão vestida de stoner do hino britânico, logo ao início, como o menino traquina que chama totós aos pais), "Podium Girls" (detentora do brilhante verso podium girls, you stand for nothing), "Fuzzy" (uma bonita canção de amor para quem gosta de se mascarar de Harley Quinn no Carnaval), "Creepy Kissing - Gold Star Girl" (um tema maravilhosamente subversivo sobre assédio sexual), e "Posh Ponytails" (sobre miúdas betas, o terror da sociedade). Estas, as que nos arrancam mais gargalhadas. As outras só completam aquilo que é um excelente álbum de estreia. Channel Hanna é mais que punk rock: é stand-up comedy da boa.
pauloandrececilio@gmail.com
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