Os Omie Wise editaram 1808 com o espírito certo: querer ser das poucas bandas de rock progressivo em Portugal (actualmente) a fazer música decente (ou que não aborreça). O EP, que é o seu de estreia, consiste em apenas quatro faixas, que se vão dividindo por várias suites - a parte "progressiva" -, formando um enredo no qual «as repercussões de um evento passado se fazem sentir sobre as vidas de um casal de gémeos», conforme o explicam.

Inspirados pelo rock progressivo da sua melhor década, a de 70, e por uma certa noção psicadélica, a banda de Braga apresenta um trabalho coeso (ou não tivessem nele trabalhado ao longo dos últimos dois anos), com recurso a vários instrumentos. Naturalmente, o que mais se destaca é a guitarra, tanto na sua forma eléctrica como acústica. Mas há outra coisa que nos puxa para 1808: os vocais altamente radiofónicos que aqui se escutam, quase como se estivéssemos a escutar uma banda grunge a fazer-se ao prog. A vontade é a mesma.

Tudo somado, e salientando de igual modo o momento órgão + groove que tudo morde por volta do terceiro minuto de "Essence", eis um EP que não recorre a gimmicks para levar a água ao seu moinho: rock n' roll fora da sua zona de conforto, sem se prender a efeitos de maior. Claro que existe, ainda, muito a fazer; esta é, afinal de contas, "apenas" a estreia dos Omie Wise. A partir daqui, basta-lhes trabalhar ainda mais no duro para que cheguem a um ponto verdadeiramente imenso. Posto isto, perguntem ao Óscar se safou e digam-lhe para pagar finos.