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Mitski
Puberty 2
· 23 Jun 2016 · 12:33 ·
Mitski
Puberty 2
2016
Dead Oceans
Sítios oficiais:
- Mitski
- Dead Oceans
Puberty 2
2016
Dead Oceans
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2016
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Dead Oceans
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É melhor ser triste que alegre.
Por norma, os miseráveis fazem a música mais desencantada e desafiante mas também a mais engraçada. Ao contrário do que se possa pensar, as pessoas felizes é que são malucas da cabeça. E como se sabe, um pessimista é um optimista esclarecido. Mitski Miyawaki, metade japonesa e metade americana, ainda que não se sinta completamente nem uma coisa nem outra, parece ser isso tudo neste quarto disco, Puberty 2. Querem uma prova de como isto tem muita graça? Pois bem, o álbum sucede a Bury Me at Makeout Creek (2014), um título retirado de um episódio dos Simpsons.
O nome deste novo disco diz imediatamente ao que vem: uma segunda fase da puberdade. E quem na sua vida adulta nunca se sentiu a viver uma segunda adolescência? De resto, o esqueleto da penúltima faixa, “Crack Baby”, foi escrito quando Mitski era ainda adolescente. E como falar de adolescência sem mencionar a magnífica “Your Best American Girl”, uma dura e irónica canção sobre como ela, tendo traços japoneses, nunca poderá corresponder ao ideal de boneca americana que muito idiota idealiza? Ou “My Body’s Made of Crushed Little Stars”, uma espécie de senha de admissão para os suicidas anónimos, um grupo restrito onde se escolhe a data em que se desaparece por se trabalhar melhor com um prazo estabelecido? E onde se quer percorrer mundo mesmo quando não se sabe como pagar a renda.
Mas o álbum abre com “Happy”, umas drum machines que fazem lembrar a “Machine Gun” dos Portishead em Third (2008) e um saxofone a rasgar a parafernália electrónica. É impossível não empatizar com esta fanfarra indie de abertura. Um rapaz que a visita e lhe leva bolachas. (Que maravilha!) Vem-se dentro dela. (Nada contra.) Sai quando ela está na casa de banho. (Mas para onde raio foi o romance?)
Mitski está a contas consigo própria e com uma adolescência que foi ontem. E agora, com um quarto de século de vida, sem um lugar no mundo porque já viveu em muito dele, tenta afirmar-se como artista. Ora, mesmo que ela garanta que aposta sempre no cavalo errado – e quem diz cavalo diz rafeiro (“I Bet On Losing Dogs”), já conseguiu assegurar um lugar no pódio do primeiro semestre de 2016. E talvez Vinicius de Moraes não estivesse assim tão certo quando cantava que é melhor ser alegre que ser triste.
Hélder GomesO nome deste novo disco diz imediatamente ao que vem: uma segunda fase da puberdade. E quem na sua vida adulta nunca se sentiu a viver uma segunda adolescência? De resto, o esqueleto da penúltima faixa, “Crack Baby”, foi escrito quando Mitski era ainda adolescente. E como falar de adolescência sem mencionar a magnífica “Your Best American Girl”, uma dura e irónica canção sobre como ela, tendo traços japoneses, nunca poderá corresponder ao ideal de boneca americana que muito idiota idealiza? Ou “My Body’s Made of Crushed Little Stars”, uma espécie de senha de admissão para os suicidas anónimos, um grupo restrito onde se escolhe a data em que se desaparece por se trabalhar melhor com um prazo estabelecido? E onde se quer percorrer mundo mesmo quando não se sabe como pagar a renda.
Mas o álbum abre com “Happy”, umas drum machines que fazem lembrar a “Machine Gun” dos Portishead em Third (2008) e um saxofone a rasgar a parafernália electrónica. É impossível não empatizar com esta fanfarra indie de abertura. Um rapaz que a visita e lhe leva bolachas. (Que maravilha!) Vem-se dentro dela. (Nada contra.) Sai quando ela está na casa de banho. (Mas para onde raio foi o romance?)
Mitski está a contas consigo própria e com uma adolescência que foi ontem. E agora, com um quarto de século de vida, sem um lugar no mundo porque já viveu em muito dele, tenta afirmar-se como artista. Ora, mesmo que ela garanta que aposta sempre no cavalo errado – e quem diz cavalo diz rafeiro (“I Bet On Losing Dogs”), já conseguiu assegurar um lugar no pódio do primeiro semestre de 2016. E talvez Vinicius de Moraes não estivesse assim tão certo quando cantava que é melhor ser alegre que ser triste.
hefgomes@gmail.com
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