Aquilo que se precisa de saber, à partida, sobre esta banda: o nome é ridículo, têm mais dois discos para além deste, tocam uma espécie de rock psicadélico de baixa fidelidade, são norte-americanos e o nome é ridículo. Just Deserts, contudo, é um bom disco. Nada que faça alguém querer atravessar os desertos dos EUA montado num Cadillac velho e com a cabeça a transpirar ácido, mas um bom disco ainda assim.

Um bom disco porque se tem a impressão de ter sido feito às três pancadas e, ainda assim, soar dissonantemente (isto existe?) bem, com todos os paradoxos daí advindos. "Good UFO/Bad UFO Experience" é um bom exemplo, com os seus quase dez minutos de uma drogada desordem rock. Não se sabendo que substâncias ajudaram à sua confecção, só se poderá concluir que não foram tão gostosas como deveriam ter sido. Pelo meio, fuzz e ruído q.b. chamando a atenção do ouvinte, massa amorfa tão boa quanto estranha.

Aquela massa amorfa que também está presente em "Whole World Is Gone", noise bonacheirão que retira alguma pica do disco, recuperada em "Inhuman" (guitarras fodidas) e a faixa homónima com que acaba, igualmente o verdadeiro destaque a fazer. Onze minutos psych com cabeça, tronco e membros, obra de alguém que, um dia, captou mal e porcamente uma estação de rádio onde os anos sessenta não haviam morrido e uma extensa ponte ligava a Califórnia à Alemanha. Não surpreendendo, Just Deserts acaba por ser uma boa audição.