Artista visual, designer, músico, produtor, o berlinense Robert Lippok começou por dar nas vistas no âmbito do projecto To Rococo Rot, formado nos anos 90 juntamente com o irmão Ronald Lippok e Stefan Schneider. Editaram vários discos pela Kitty-Yo, City Slang, Staubgold e Domino, mas não geraram muito entusiasmo entre o público e a crítica. Electrónica ambiental, intersecções krautrock e new wave, algum experimentalismo, forte componente visual e conceptual, só que tudo demasiado cinzento e previsível. E com o avançar dos anos passaram a soar algo datados.

Paralelamente à actividade regular no projecto To Rococo Rot, cujo último disco foi "Speculation" (Domino, 2010), Robert Lippok produziu instalações sonoras para outros artistas visuais como Olaf Nicolai, Doug Aitken ou Takehito Koganezawa, lançou um disco de remisturas de temas originais dos Komëit, "Falling Into Komëit" (Monika Enterprise, 2004), criou um álbum de originais em parceria com Barbara Morgenstern, "Tesri" (Monika Enterpise, 2005), e participou na iniciativa colectiva intitulada "Theatermusik" (Crosstalk, 1999), a qual incluía Bo Kondren, Ronald Lippok e Bernd Jestram.

Pelo meio, quase incógnito, figura um maxi-single editado em 2001 pela Raster-Noton, "Open Close Open", a primeira colaboração de Lippok com a editora germânica resultante da fusão entre a Rastermusic de Olaf Bender e Frank Bretschneider e a Noton.Archiv Für Ton Und Nichtton de Carsten Nicolai. O universo da Raster-Noton, que conjuga música electrónica modular, fria e minimal, com uma depurada linguagem visual e conceptual, assenta que nem uma luva no perfil de Lippok, e vice-versa.

Daí que seja de estranhar uma tão longa espera pelo primeiro longa-duração a solo de Robert Lippok com o selo da Raster-Noton, até ao lançamento de "Redsuperstruture" no final de 2011. Um álbum que exponencia as potencialidades que já se anteviam nos projectos anteriores mas que tardavam em materializar-se. Aliás, mais do que um álbum, "Redsuperstructure" é um conceito, uma obra de arte total, embebida na depurada linguagem visual e conceptual da Raster-Noton.

Geometria linear, sintetização modular, contenção minimalista. Sem um único grão de redundância, tudo no espaço e tempo certos. Música elementar para o cérebro e para a anca.