DISCOS
Polvo
In Prism
· 21 Set 2009 · 00:55 ·
Demorar doze anos a gravar um disco, e fazê-lo como se enrolar géneros e trazê-los para casa fosse trivial? É pedir aqui, que tudo fica resolvido em 40 minutos.
Se é verdade que poucas bandas que tenham marcado o rock americano de origens menos mainstream nos anos 80/90 voltaram a criar música (por enquanto, os Pixies e os Jesus Lizard apenas fazem tournés), não é menos verdade que a qualidade que tem saído dos discos dos reformados Dinosaur Jr é superior ao que toda a gente esperaria. E agora regressam, após 12 anos de ausência, os Polvo, que, nunca tendo sido um nome na boca de toda a gente, viram o seu reconhecimento aumentar durante o período sabático, surgindo hábeis e energéticos, e com um óptimo disco em mãos.
Os ditos 12 anos não proporcionaram um regresso que trouxesse a mesma explosividade de discos como “Exploded Drawing”. ”In Prism” destaca-se, principalmente, por agir como uma vacina injectada em géneros musicais como o rock pesado dos anos 70, e melodias entre a pop e o indie-rock das décadas seguintes, alterando-lhes a estrutura óssea, e criando híbridos que nada perdem em termos de qualidade, precisão e trauteabilidade das vozes, tudo isto mais o peso nas guitarras, ou convulsões da secção rítmica. Ash Bowie e Dave Brylawski constroem e desconstroem riffs de guitarra, que parecem nascer uns dos outros, ao bom estilo do mais famoso “Alien” do cinema, ao invés de serem dois guitarristas. Não é hardcore, mas tem um peso que o indie-rock devia ter mais vezes, em vez de se perder em sub-Beachtles Boysadas para série patetas de televisão. Uma “A Link In The Chain” projecta estradas e túneis com rapidez e eficiência, enquanto a fantástica “Lucia” são 8:15 que engancham à maneira de um filme cuja história cresce de fascínio à medida que decorre.
É possível vislumbrar sempre alguma coisa por aqui. Seja um baixo mais 80s-afunkalhado em “Right The Relation”, orientalidades no avanço “Beggar’s Bowl”, um efeito escada-rolante em “Dream Residue/Work”. Tudo coisas que o mais provável é serem interpretadas de forma completamente diferente por outro ouvinte. É assim que se fazem discos que perdurarão, exibindo talento e versatilidade. Doze? A ferrugem não entrou!
Nuno ProençaOs ditos 12 anos não proporcionaram um regresso que trouxesse a mesma explosividade de discos como “Exploded Drawing”. ”In Prism” destaca-se, principalmente, por agir como uma vacina injectada em géneros musicais como o rock pesado dos anos 70, e melodias entre a pop e o indie-rock das décadas seguintes, alterando-lhes a estrutura óssea, e criando híbridos que nada perdem em termos de qualidade, precisão e trauteabilidade das vozes, tudo isto mais o peso nas guitarras, ou convulsões da secção rítmica. Ash Bowie e Dave Brylawski constroem e desconstroem riffs de guitarra, que parecem nascer uns dos outros, ao bom estilo do mais famoso “Alien” do cinema, ao invés de serem dois guitarristas. Não é hardcore, mas tem um peso que o indie-rock devia ter mais vezes, em vez de se perder em sub-Beachtles Boysadas para série patetas de televisão. Uma “A Link In The Chain” projecta estradas e túneis com rapidez e eficiência, enquanto a fantástica “Lucia” são 8:15 que engancham à maneira de um filme cuja história cresce de fascínio à medida que decorre.
É possível vislumbrar sempre alguma coisa por aqui. Seja um baixo mais 80s-afunkalhado em “Right The Relation”, orientalidades no avanço “Beggar’s Bowl”, um efeito escada-rolante em “Dream Residue/Work”. Tudo coisas que o mais provável é serem interpretadas de forma completamente diferente por outro ouvinte. É assim que se fazem discos que perdurarão, exibindo talento e versatilidade. Doze? A ferrugem não entrou!
nunoproenca@gmail.com
ÚLTIMOS DISCOS
ÚLTIMAS