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Pyramids
Pyramids
· 15 Dez 2008 · 20:59 ·
Pyramids
Pyramids
2008
Hydra Head


Sítios oficiais:
- Pyramids
- Hydra Head
Pyramids
Pyramids
2008
Hydra Head


Sítios oficiais:
- Pyramids
- Hydra Head
Da Hydra Head para o mundo, o primeiro álbum dos Pyramids é uma obra-prima.
A capa deste disco respira estranheza - uma paisagem do Alaska (?) com caribous de chifres eléctricos. O seu conteúdo consegue ser ainda mais estranho e origina diversas perguntas a quem o ouve. E se os Radiohead enlouquecessem mesmo? E se os cada-vez-mais-alegres Animal Collective entrassem numa má trip? "Igloo", o segundo tema do álbum homónimo destes texanos The Pyramids tem a resposta em cada decibel. Apesar do nome muito 60's surf guitar band, o disco começara antes com uma ode sem percussão muito no registo dos génios de Baltimore, mas já com alguma pimenta revelada que explode por completo na tal segunda faixa.

À terceira o álbum entra de vez, com a faixa "Echo of something lovely" a ser exactamente isso. Lovely. Que rima com ugly que resume a quarta. Electrónica desvairada que se acentua numa batida frenética que quase roça o industrial, contudo banhado em oceanos de tremolo, numa parafernália shoegazer raramente ouvida antes.

De "End Resolve" respira-se então dois segundos entre faixas para continuar por bandas de inferno. A percussão Godflesh encontra as guitarras que o Kevin Shields deve imaginar quando está chateado (assim para os Loveliescrushing dos bons tempos), e a voz do vocalista S. Windett são meros pontos de interrogação que surgem como se fossem de uma canção de Thom Yorke completamente fora de si.

"This house is like any other world" e "Hillary" seguem-se, continuando o caos organizado, parecendo esta última um hino dedicado à futura secretária de estado norte-americana nos segundos depois de ter mandado bombas atómicas em Pequim e Teerão. A batida aumenta a níveis death metal na nona canção. E canção com um grande ponto de interrogação. Porque é mais uma manta de retalhos fantasmagóricos. O nome diz tudo, "Ghost".

Por aqui, qualquer um perguntará porque é que Justin Broderick, que passou de Godflesh a shoegazer-Jesu-apaixonado-por-Sigur-Ros não fez este intermédio antes. Porque este é o consenso possível entre industrial e shoegazer. Brutamontes e sensível. Exactamente o que este disco é. Como bónus, traz um segundo disco com versões do primeiro por diversos nomes, cada um à sua maneira peculiar ­Loveliescrushing (lá está), Jesu (ora pois), Blut aus Nord (metal francês), Birchville Cat Motel, entre outros. Interessante mas que nunca chega aos calcanhares dos originais, o que só reforça a ideia do quanto este primeiro álbum dos Pyramids é uma obra-prima.
Nuno Leal
nunleal@gmail.com

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