DISCOS
Move D + Benjamin Brunn
Songs From The Beehive
· 05 Set 2008 · 08:00 ·
Move D + Benjamin Brunn
Songs From The Beehive
2008
Smallville Records


Sítios oficiais:
- Move D + Benjamin Brunn
- Smallville Records
Move D + Benjamin Brunn
Songs From The Beehive
2008
Smallville Records


Sítios oficiais:
- Move D + Benjamin Brunn
- Smallville Records
Raios de luz que rompem por entre as colmeias dissolvem a indolência, resgatando do marasmo a alma da genuína criação techno.
Talvez seja melhor conhecido pela geometria (ocasionalmente) exacta, pelas mutações sonoras ou ambiências em espairecimento, pela sapiência na forma como devolve as cores do destino ao cinzentismo da indolencia ou mesmo pela liberdade e pureza que devolve ao sem folgo techno dos nossos dias. Agora nunca será conhecido pelo ócio, apatia ou pela falta vontade na depuração das várias linguagens da electrónica. Julgá-lo não será tarefa fácil. Bastará olhar para o seu longo percurso desde os meados da década passada para perceber a experiência que transporta aos ombros e os conhecimentos que tem polvilhado por todos os projectos onde passa. Falo, com naturalidade, de uma das mais interessantes figuras da música produzida na Alemanha: David Moufang, também conhecido por Move D.

Incansável dedicado, Move D rebate amiúde o seu ímpeto para a experimentação não se rogando a parcerias que lhe permitam explorar abertamente os territórios da ambient, do house ou do techno – sendo mais conhecido pelas parcerias em projectos como Conjoint, Studio Pankow, Move D + Benjamin Brunn (no caso deste disco), ou a parelha com o mago do ambient Pete Namlook. Observe-se em concreto, e uma vez mais, a reunião com Benjamin Brunn – este com percurso bem mais desconhecido – e na forma como Songs From The Beehive, segundo disco em conjunto, esculpe as linhas elementares do techno numa figura variegada, de estranha geometria, simultaneamente coesa e formosa. No sentimento despendido na elaboração de uma música que tanto procura alguma paz interior, como solta energias numa correria imaginativamente idílica.

Se o anterior Let's Call It A Day (2006) passou despercebido, talvez pela natureza mais ambient, espacial e repleto de figuras demasiado vagas, Songs From The Beehive opta pela concretização das formas. Os rostos ganham contornos promenorizados enquanto o turbilhão do vórtice desacelera. Os sons esculpem-se uns aos outros: numa vaga dub, o delírio narcótico é substituído pela fantasia («Velvet Paws»); o deep-house confunde-se com o minimal optando pela especulação melosa e acida para evitar concensos desnecessários («Honey»); o hipnotismo ambient gera sonhos que ganham espessura em cadências techno num universo surrealista («Like A Restless Sea», «Radar»); a house debate o amor revelando a doce ignorância de quem ainda não entendeu a noção de sensualidade («Love The One You're With»).

Songs From The Beehive revela, com a magistral habilidade dos seus autores, que não confia nem no paraíso nem no inferno para fazer valer os seu propósitos, que prefere a terra média para soltar a especulação fantasiosa que lhe corre nas veias e divagar ao sabor da essência das cores do caleidoscópio. No fundo, estamos perante um disco que existe somente porque a luz desafia o espectro e permite um espectáculo de feições coloridas. Tal como a capa sugere.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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