DISCOS
The Rational Academy
A Heart Against Your Own
· 23 Mai 2008 · 08:00 ·
The Rational Academy
A Heart Against Your Own
2008
Someone Good Records


Sítios oficiais:
- The Rational Academy
- Someone Good Records
The Rational Academy
A Heart Against Your Own
2008
Someone Good Records


Sítios oficiais:
- The Rational Academy
- Someone Good Records
Pop de armário australiana aceita ser insuflada pelas intervenções de convidados mais arrojados.
Parece imediatamente deliciosa a imaginária ideia de um dia em que os Postal Service e os Pavement deram por si presos num barracão coberto de neve, situado num qualquer bairro de Varsóvia na Polónia. A noção adoça-se se concordarmos que as sessões de gravação colectivas possam ter absorvido a vontade de celebrar o gozo intimista do momento, mesmo que fosse preferível passar o dia no exterior a comer bolachas Oreo regadas com leite e a deslizar o rabo em rampas de relva. É mais ou menos essa a fórmula química que oferece a mais exacta ideia do que se passa no interior hibernal da Rational Academy, enquanto se ensaiam transições entre velocidades, estruturas e disposições diferentes, com vista à produção dos estímulos cardíacos que oferecem vida a A Heart Against Your Own.

A vitalidade da dupla Rational Academy, assim como a facilidade com que efectuam a combustão de ideias amealhadas, incide sobretudo na estabilização pop que procuram como plataforma para componentes que, à partida, seriam tomadas como funcionalmente antagónicas – a fórmula simplificada das canções e tudo o que povoa o mais experimental e grandioso anel em seu redor.

Em certos casos, ficam presas por arames as canções situadas um pouco acima do caldeirão da indiferença e “pastiche”. Liricamente, “Jojoplanteen” pode até servir como adorável consideração sobre a adesão ao “death metal” no ano de 1993, por parte de alguém de tenra idade que achava ser porreiro brincar com pentagramas, mas só mesmo a riqueza do seu marasmo melódico a eleva acima de toda a água que o moinho da bedroom pop conheceu até hoje. Do mesmo modo que a angústia musculada das guitarras em “Two Books” impedem a mesma de parecer um tema descartado pelos Pinhead Society (glória do indie “tuga” que bem podia merecer um revival) na altura de Kings of Our Size.

Sem fazer dessa obtenção de equilíbrio algo semelhante a um esforço olímpico (o excesso de zelo podia ser desastroso), A Heart Against Your Own triunfa nas vias de comunicação pop que oferece à sintonia e cumplicidade mantida entre o seu núcleo, formado pelos australianos Benjamin Thompson e Meredith McHugh, e a intervenção de outros músicos menos habituados aos trâmites da canção mas dispostos a desafiá-la, entre os quais Ben Frost, Lawrence English e a dupla For Barry Ray. Todos conhecem bem o seu papel neste tubo de ensaio bem sucedido e indicador de que algo de especial pode vir ainda a ocorrer por estas bandas.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

Parceiros