Quase atordoa o flashback que se abate sobre alguém ao reparar nas semelhanças criminosas que aproximam os Deerhoof destes Experimental Dental School, trio californiano a partir daqui referido pela mais prática sigla XDS. Tome-se como prova flagrante dessa colagem o mais recente Jane Doe Loves Me e a forma como sujeita uma dócil voz de sotaque japonês à “passagem dos horrores� pontuada por todo o tipo de torturas rítmicas desempenhadas por um rock espasmódico que encontra contrabalanço numa série de ambientes surreais de digestão difícil. Onde será que já ouvi isto? Quando se repara que Greg Saunier, polvo para toda a obra nos Deerhoof, é um nome entres os responsáveis pela mistura do disco, ficam abertas para debate todas as teorias da conspiração que sugiram a criação XDS como uma experiência de clonagem de propósito incerto (tubo de ensaio da Kill Rock Stars?).

Pela amostra que dá a escutar Jane Doe Loves Me, disco mais aprumado inserido num rol de outras edições mais limitadas, os XDS são declarados devotos de uma santa trindade que tem a flexibilidade enciclopédica do rock progressivo à esquerda e toda a Califórnia tendenciosamente excêntrica à direita do mesmo magnânime centro Devo. Talvez por andar demasiado ocupado com a composição de excelentes bandas-sonoras para os filmes de Wes Anderson (Rushmore, Royal Tenenbaums), Mark Mothersbaugh dos Devo não parece ser aquele tipo de individualidade que perde tempo a verificar o paradeiro dos filhos bastardos que foi formando involuntariamente, mesmo que a masculinidade da sua banda estivesse permanentemente ameaçada pela questão Are We Not Men?.

Por agora, basta de considerações dirigidas aos Devo, porque o momento remete o foco para os aspirantes XDS. Eles que também parecem ainda indecisos relativamente à melhor solução para encobrir o vazio de ideias, sem ser através de um ruidoso remediar aleatório. Precisam de um Mr. Miyagi que os esclareça e ilumine o caminho - de um guru de olhos em bico que, de vez em quando, tenha a coragem de referir os malefícios do estardalhaço inconsequente do orgão Casio e emulação electrónica de ruídos exóticos e que possa também frisar a necessidade de regar mais pacientemente a raiz da canção, não vá nascer murcha. Os XDS precisam mesmo é de uma "Giga Dance" (Giga Dance / Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tururu-tu-tu-tu-tu-tu) que salve a honra do convento, pois este não é definitivamente disco para, tão facilmente como procura fazer crer, roubar ao Tarzan o amor da Jane.

P.S.: Satomi, assim que puderes, escreve-me para o endereço de e-mail em baixo para eu saber se te encontras bem. Arigatou!