DISCOS
Tuna Laguna
Ripples and Swells
· 30 Nov 2007 · 08:00 ·
Tuna Laguna
Ripples and Swells
2007
Guano / Tuba


Sítios oficiais:
- Tuna Laguna
Tuna Laguna
Ripples and Swells
2007
Guano / Tuba


Sítios oficiais:
- Tuna Laguna
Banda norueguesa consciente assina disco de muitas e variadas faces. Para degustação lenta e aprazível.
No site oficial, eles intitulam-se: Tuna Laguna é uma banda de rock instrumental norueguesa focada em melodias imediatas, catchy e groovy (é melhor deixar ficar assim as duas últimas porque falta ainda desencantar-lhes em português traduções justas). Posto isto pode-se dizer desde logo que eles são rapazes conscientes, porque Ripples and Swells, o segundo disco da banda, é isso mesmo: um composto de ingredientes melódicos e directos, fáceis de apanhar. Poder-se-á dizer que este é um disco de rock progressivo. Mas também se pode afirmar que os Tuna Laguna são viajantes do pós-rock sem que daí resulte algum mal ao mundo.

O que é certo é que as composições dos Tuna Laguna são sempre – ou quase sempre – labirínticas. E tão depressa se levam profundamente a sério como no outro estão no recreio e a brincar com a situação. Neste espaço criativo e amplo convive o rock de forma aberta e liberal, o jazz e até o funk – tudo isto com admirável coerência. “My Lunar Boots” pediu emprestada a graça aos Deerhoof para se aventurar num rock que sabe ser funky e brincalhão. Em Ripples and Swells a bateria, a guitarra e o baixo parecem ser os protagonistas principais mas são geralmente os sintetizadores os responsáveis por tornar as coisas por vezes tão interessantes. As máquinas têm definitivamente algo a dizer neste disco. E até coisas aparentemente secundárias como um glockenspiel são essenciais na construção das complexas estruturas que são aposta em Ripples and Swells.

Pode parecer complicada a busca mas este é um daqueles discos que se pode revelar bastante compensador quando alvo de alguma dedicação. Há sempre algo a acontecer, há sempre um gancho a ser preparado. Estes noruegueses são tecnicamente bons mas são também criativos. Há aqui uns quantos riffs que não lembram a ninguém, mas isso parece inclusive ajudar a construir (e dignificar) uma espécie de elogio da insanidade que só lhes fica bem. A derradeira “That’s Where We’re at”, nas suas formas surpreendentes e construções fantasma, insiste em deixar um rasto de intensidade num disco que se afirma como uma surpresa. Uma boa surpresa.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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