DISCOS
Devendra Banhart
Smokey Rolls Down Thunder Canyon
· 15 Nov 2007 · 08:00 ·
Devendra Banhart
Smokey Rolls Down Thunder Canyon
2007
XL / Popstock!
Sítios oficiais:
- Devendra Banhart
- XL
- Popstock!
Smokey Rolls Down Thunder Canyon
2007
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- Devendra Banhart
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Smokey Rolls Down Thunder Canyon
2007
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2007
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Quem tem Devendra tem tudo. E Devendra tem muito. Mais um disco que também é folk mas que é muito mais do que isso.
Cada vez mais longe do trabalho característico de voz e guitarra e de gravações lo fi, Devendra Banhart é um homem novo na altura de gravar um disco. Primeiro porque já não tem medo de entrar num estúdio a sério (em vez de gravar canções ao telefone ou para um 4 pistas); depois, porque gosta cada vez mais de levar as suas canções para territórios distantes da folk. Talvez tenham sido as constantes catalogações de freak folk (que aparentemente aborreciam o música), mas o que é certo é que a área de trabalho de Devendra Banhart tem vindo gradualmente a expandir-se. O anterior Cripple Crow, gravado com toda a trupe de Devendra, era já um disco aberto e novas experiências e Smokey Rolls Down Thunder Canyon surge como a continuação lógica desse caminho.
O tema que abre este novo disco, “Cristobal”, induz em erro quem imediatamente pensar que Devendra Banhart voltou às raízes. A sua auto-suficiência e a calmaria lembram os primeiros tempos das canções despidas ao essencial. Mas pouco depois é ver Devendra Banhart explodir em ideias e intenções: isso fica bem claro quando Devendra Banhart viaja até ao Brasil na belíssima "Samba Vexillographica", materializando finalmente (e de forma directa) a paixão pela música que chega desse país (e por Caetano Veloso). Em oito minutos, “Sea Horse”, alimentada a teclas, bateria e baixo, afirma-se positivamente como um dos momentos mais característicos do disco: cerimonial, circular e hipnótica até à sua metade, liberta-se depois assumindo a faceta rock sem pudor e ganha pontos com isso – Devendra sem medo da electricidade e de solos de guitarra. “Bad Girl” e “Sea Side” são dois momentos especialmente bons no que toca à escrita simples de canções, resgatando beleza aqui e ali a pequenas coisas – um processo bastante comum neste disco.
“Shabop Shalom” destaca-se em Smokey Rolls Down Thunder Canyon pela sua estranheza. É a peça habitual de Devendra Banhart mergulhado no humor e na bizarria; é, resumindo, um dos momentos mais curiosos de um disco que daqui até ao final se mostra coerente e mais uma prova da busca incessante e da declarada exploração de distintos territórios por parte de Devendra Banhart e da sua pandilha (é que este é mais um disco entre amigos). E talvez seja isto que a música de Devendra Banhart mais necessita neste momento: evoluir para outras paragens. Ser-lhe-ia complicado sobreviver muito tempo com um ou vários Rejoicing in the Hands parte II. Smokey Rolls Down Thunder Canyon, coeso e coerente (e muitas vezes entusiasmante), é o disco certo no momento certo, um espelho do pensamento de Devendra Banhart. Chame-se-lhe hippie ou rei da freak-folk; chame-lhe barbudo ou toda uma listagem de sobrenomes, mas não se negue os seus méritos. Haja Devendra Banhart nesta forma durante muitos anos.
André GomesO tema que abre este novo disco, “Cristobal”, induz em erro quem imediatamente pensar que Devendra Banhart voltou às raízes. A sua auto-suficiência e a calmaria lembram os primeiros tempos das canções despidas ao essencial. Mas pouco depois é ver Devendra Banhart explodir em ideias e intenções: isso fica bem claro quando Devendra Banhart viaja até ao Brasil na belíssima "Samba Vexillographica", materializando finalmente (e de forma directa) a paixão pela música que chega desse país (e por Caetano Veloso). Em oito minutos, “Sea Horse”, alimentada a teclas, bateria e baixo, afirma-se positivamente como um dos momentos mais característicos do disco: cerimonial, circular e hipnótica até à sua metade, liberta-se depois assumindo a faceta rock sem pudor e ganha pontos com isso – Devendra sem medo da electricidade e de solos de guitarra. “Bad Girl” e “Sea Side” são dois momentos especialmente bons no que toca à escrita simples de canções, resgatando beleza aqui e ali a pequenas coisas – um processo bastante comum neste disco.
“Shabop Shalom” destaca-se em Smokey Rolls Down Thunder Canyon pela sua estranheza. É a peça habitual de Devendra Banhart mergulhado no humor e na bizarria; é, resumindo, um dos momentos mais curiosos de um disco que daqui até ao final se mostra coerente e mais uma prova da busca incessante e da declarada exploração de distintos territórios por parte de Devendra Banhart e da sua pandilha (é que este é mais um disco entre amigos). E talvez seja isto que a música de Devendra Banhart mais necessita neste momento: evoluir para outras paragens. Ser-lhe-ia complicado sobreviver muito tempo com um ou vários Rejoicing in the Hands parte II. Smokey Rolls Down Thunder Canyon, coeso e coerente (e muitas vezes entusiasmante), é o disco certo no momento certo, um espelho do pensamento de Devendra Banhart. Chame-se-lhe hippie ou rei da freak-folk; chame-lhe barbudo ou toda uma listagem de sobrenomes, mas não se negue os seus méritos. Haja Devendra Banhart nesta forma durante muitos anos.
andregomes@bodyspace.net
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