ENTREVISTAS
Mbye Ebrima
A kora e as armas do amor
· 17 Nov 2015 · 00:58 ·
Mbye Ebrima nasceu na Gâmbia e aos dezasseis anos descobriu na kora uma espécie de forma de vida, de revelação, de verdade. A herança foi entregue em mãos pelos seus pais. Esta é inevitavelmente uma história de amor; uma história que Mbye Ebrima quer que seja conhecida pelo maior número possível de pessoas. Actualmente o músico encontra-se a viver em Lisboa e é por cá que tem vindo a mostrar a música e a história do instrumento, tanto a solo como com o seu quarteto, e ainda ensinando a kora com alguns grupos de alunos em workwhops de norte a sul do país. Em conversa com Mbye Ebrima, ficamos a saber mais acerca da sua missão, da sua ambição e da kora como a sua voz para a paz. Já dizia Sérgio Godinho: "armem por favor as armas do amor". Porque a kora também pode ser, afinal, ser, isso mesmo, uma arma do amor.
És natural da Gâmbia mas estás neste momento a viver em Portugal, mais precisamente em Lisboa. O que é que te fez mudar para cá durante algum tempo?
Eu adoro Portugal, as pessoas, o clima, a vida e a troca, uma vez que diferentes paises se encontram em Lisboa e existe uma grande partilha cultural e música.
Como era a vida na Gâmbia?
A vida na Gâmbia é boa. Podes viver em qualquer parte do mundo. Nem tudo pode ser possível mas a amizade está sempre lá e é muito importante. Assim como a cultura, boa comida, etc.
Como é que aprendeste a tocar kora? Quando é que te apercebeste que o instrumento iria mudar a tua vida?
Aprendi a tocar kora em casa uma vez que os meus pais são jalis e eu cresci a ouvir a kora. Comecei a tocar apenas quando tinha dezasseis anos.
O que é que nos podes dizer acerca do teu instrumentos, a sua história e aquilo que significa para ti?
O meu instrumento é a kora e foi fundado na Gâmbia. A kora é um instrumento muito importante na história da África ocidental. Existe muita história por detrás do instrumento. Não posso contar tudo aqui mas, para ser breve, uma parte do meu amor e da minha felicidade estão neste instrumento. É para mim essencial poder partilhar a minha cultura com a kora.
Há muitas pessoas a tocar kora na Gâmbia? Sentes que é um instrumento valorizado no teu país?
Existem pessoas especiais que aprendem e tocam a kora que são os jalis. Nem todos tocam a kora na África ocidental. A kora é um instrumento mandinka e existe um sobrenome específico na sociedade mandin que toca a kora. É algo especial. Não, não é um instrumento valorizado no meu país mas tem em si a história da nação. O nosso hino nacional era tocado pela kora por isso é muito importante no meu país, na Gâmbia.
Vi-te tocar ao vivo no outro dia e numa das canções pediste paz para a África, para a Síria, para o Iraque, e noutros locais que estão em conflito actualmente. És um optimista? Vês um conflito para todos estes conflitos, uma saída para tudo isto que se está a passar nos dias que correm?
Não, não sou um optimista. Mas acredito que um grande parte da solução para parar todas estas guerras é cantar e aconselhar as pessoas que estão a lutar para que parem. É algo que vai totalmente contra a humanidade e a maior razão para a existência da pobreza é precisamente a guerra. Por isso enquanto músicos temos um grande papel em chamar a atenção para este tipo de coisas.
Também estás a tocar com o teu quarteto neste momento. Como é essa experiência para ti? Quão diferente é essa experiência da tua carreira a solo?
Eu estou a viajar não só para tocar e para ter dinheiro mas também para partilhar a experiência por isso eu preciso de diferentes projectos. O quarteto é muito diferente da minha experiência a solo. Se dás um contrato a uma pessoa por dez dias ou a dez pessoas para dez dias é mais fácil encontrar as dez pessoas do que uma. Na música, quando são muitos é mais fácil partilhar mas quando estás sozinho tens de fazer tudo. Eu adoro tocar a solo, claro, porque envolve muito mais emoção e as pessoas sentem muito mais a kora do que quando toco no quarteto.
Tens planos para lançar um disco a solo ou com o quarteto nos próximos tempos? É um objectivo teu?
Sim, esou a tentar e constantemente a sonhar com isso mas não tenho o dinheiro para o fazer. Tenho de encontrar apoio para tornar o disco real. Vai demorar algum tempo mas a ideia é lançar um disco tanto para o projecto a solo como para o quarteto.
Também estás a ensinar a kora em Portugal em alguns workshops. Como é para ti transmitir a tua cultura na Europa?
Gosto muito apesar de ser um pouco difícil mas felizmente as coisas estão a acontecer. Eu tenho a certeza que as pessoas adoram este pequeno presente que lhes dou, que é a minha cultura. Vou continuar a promover cada vez mais essa cultura na Europa, Ásia, África, etc.
Como é que te sentes em Portugal? Quais são as melhores coisas no país - e as piores - quando comparado com o teu país?
Portugal é um óptimo país. Gosto muito, apesar de as coisas serem muito lentas. Mas vão acontecendo. Também sinto falta do meu país. Nada é mais doce que a tua própria casa, onde tu vives. Sinto saudades da comida, da cultura, sinto a falta de imensas coisas...
Tiveste oportunidade de ouvir alguma música portuguesa até agora? Podes dizer-nos alguns nomes?
Tenho ouvido alguns músicos portugueses famosos como o Carlos Paredes, David Costa, Maria S (Maria Dulce Soares da Silva), etc.
E a música da Gâmbia? Que artistas do teu país temos obrigatoriamente de conhecer?
Também temos muitos artistas na Gâmbia. Posso dizer alguns, Alagi Mbye, Jaliba Kuyateh, Foday Musa Suso, Tata Dindin.
André GomesEu adoro Portugal, as pessoas, o clima, a vida e a troca, uma vez que diferentes paises se encontram em Lisboa e existe uma grande partilha cultural e música.
Como era a vida na Gâmbia?
A vida na Gâmbia é boa. Podes viver em qualquer parte do mundo. Nem tudo pode ser possível mas a amizade está sempre lá e é muito importante. Assim como a cultura, boa comida, etc.
Como é que aprendeste a tocar kora? Quando é que te apercebeste que o instrumento iria mudar a tua vida?
Aprendi a tocar kora em casa uma vez que os meus pais são jalis e eu cresci a ouvir a kora. Comecei a tocar apenas quando tinha dezasseis anos.
O que é que nos podes dizer acerca do teu instrumentos, a sua história e aquilo que significa para ti?
O meu instrumento é a kora e foi fundado na Gâmbia. A kora é um instrumento muito importante na história da África ocidental. Existe muita história por detrás do instrumento. Não posso contar tudo aqui mas, para ser breve, uma parte do meu amor e da minha felicidade estão neste instrumento. É para mim essencial poder partilhar a minha cultura com a kora.
Há muitas pessoas a tocar kora na Gâmbia? Sentes que é um instrumento valorizado no teu país?
Existem pessoas especiais que aprendem e tocam a kora que são os jalis. Nem todos tocam a kora na África ocidental. A kora é um instrumento mandinka e existe um sobrenome específico na sociedade mandin que toca a kora. É algo especial. Não, não é um instrumento valorizado no meu país mas tem em si a história da nação. O nosso hino nacional era tocado pela kora por isso é muito importante no meu país, na Gâmbia.
Vi-te tocar ao vivo no outro dia e numa das canções pediste paz para a África, para a Síria, para o Iraque, e noutros locais que estão em conflito actualmente. És um optimista? Vês um conflito para todos estes conflitos, uma saída para tudo isto que se está a passar nos dias que correm?
Não, não sou um optimista. Mas acredito que um grande parte da solução para parar todas estas guerras é cantar e aconselhar as pessoas que estão a lutar para que parem. É algo que vai totalmente contra a humanidade e a maior razão para a existência da pobreza é precisamente a guerra. Por isso enquanto músicos temos um grande papel em chamar a atenção para este tipo de coisas.
Também estás a tocar com o teu quarteto neste momento. Como é essa experiência para ti? Quão diferente é essa experiência da tua carreira a solo?
Eu estou a viajar não só para tocar e para ter dinheiro mas também para partilhar a experiência por isso eu preciso de diferentes projectos. O quarteto é muito diferente da minha experiência a solo. Se dás um contrato a uma pessoa por dez dias ou a dez pessoas para dez dias é mais fácil encontrar as dez pessoas do que uma. Na música, quando são muitos é mais fácil partilhar mas quando estás sozinho tens de fazer tudo. Eu adoro tocar a solo, claro, porque envolve muito mais emoção e as pessoas sentem muito mais a kora do que quando toco no quarteto.
Tens planos para lançar um disco a solo ou com o quarteto nos próximos tempos? É um objectivo teu?
Sim, esou a tentar e constantemente a sonhar com isso mas não tenho o dinheiro para o fazer. Tenho de encontrar apoio para tornar o disco real. Vai demorar algum tempo mas a ideia é lançar um disco tanto para o projecto a solo como para o quarteto.
Também estás a ensinar a kora em Portugal em alguns workshops. Como é para ti transmitir a tua cultura na Europa?
Gosto muito apesar de ser um pouco difícil mas felizmente as coisas estão a acontecer. Eu tenho a certeza que as pessoas adoram este pequeno presente que lhes dou, que é a minha cultura. Vou continuar a promover cada vez mais essa cultura na Europa, Ásia, África, etc.
Como é que te sentes em Portugal? Quais são as melhores coisas no país - e as piores - quando comparado com o teu país?
Portugal é um óptimo país. Gosto muito, apesar de as coisas serem muito lentas. Mas vão acontecendo. Também sinto falta do meu país. Nada é mais doce que a tua própria casa, onde tu vives. Sinto saudades da comida, da cultura, sinto a falta de imensas coisas...
Tiveste oportunidade de ouvir alguma música portuguesa até agora? Podes dizer-nos alguns nomes?
Tenho ouvido alguns músicos portugueses famosos como o Carlos Paredes, David Costa, Maria S (Maria Dulce Soares da Silva), etc.
E a música da Gâmbia? Que artistas do teu país temos obrigatoriamente de conhecer?
Também temos muitos artistas na Gâmbia. Posso dizer alguns, Alagi Mbye, Jaliba Kuyateh, Foday Musa Suso, Tata Dindin.
andregomes@bodyspace.net
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