DISCOS
Agnès Jaoui
Canta
· 28 Mar 2007 · 08:00 ·
Agnès Jaoui
Canta
2006
Tôt Ou tard


Sítios oficiais:
- Tôt Ou tard
Agnès Jaoui
Canta
2006
Tôt Ou tard


Sítios oficiais:
- Tôt Ou tard
A actriz/realizadora francesa mostra a sua paixão pelo fado, flamenco e MPB numa estreia discográfica surpreendente.
A actriz/realizadora/argumentista do filme “O Gosto dos Outros” canta. Canta e canta bem, canta e gosta de fado, de música do Brasil, de flamenco, de latinidades diversas. O seu primeiro disco, “Canta” (2006) é um caldeirão onde a francesa junta as variantes de música popular latina de que mais gosta. Entre a Península Ibérica e a América do Sul, Jaoui reúne sem incómodo as melodias do fado, da MPB, do flamenco. E Agnès não se aventura sozinha, para esta sua estreia discográfica traz convidados de peso como a “nossa” diva Mísia ou a diva gigante Maria Bethânia.

O caso não é novo. Actores e actrizes de garatido sucesso cinematográfico decidem enveredar paralelamente pela música. Há os casos excelentes (Vincent Gallo), mas também há os irrelevantes (Russell Crowe, Johny Depp) e os maus (Juliette Lewis). E há as francesas que, inexplicavelmente, conseguem fazer quase sempre tudo bem. Há o exemplo maior da belíssima Carla Bruni - nascida italiana, crescida francesa - cujos discos são hipnóticos doces de folk naïf (sim, também conseguimos prestar atenção à música, apesar de ser difícil descolar os olhos da capa).

Mas Jaoui, para além de brilhante argumentista e óptima actriz, canta. As aulas de canto lírico que recebeu durante vários anos no conservatório são aqui aproveitadas para expor o seu gosto pelas músicas latinas. O “Fado do Retorno” é um típico lamento lisboeta em que a voz de Agnès é intercalada com a de Mísia. Maria Bethânia aparece em “Samba Em Prelúdio”, engrandecendo a interpretação da canção de Baden Powell e Vinícius de Moraes.

Estranhamente a língua francesa não passa por aqui. A cantora/actriz afirmou que teria menos prazer em cantar em francês, tendo preferido arriscar cantar em castelhano e português. Pelo meio há vários temas que andam nas proximidades do flamenco, bolero ou tango – e não poupou nos convidados (Marcos Arrieta, Elbicho e Dimas md). Este disco, mais do que um mero exercício ou curiosidade, é um interessante documento coeso, que confirma Jaoui como artista multi-talentosa. Para fechar o disco Agnès aceitou uma interpretação solitária de “O Meu Amor”, canção arrepiante de bela, de Chico Buarque. Não poderíamos pedir melhor final.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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