DISCOS
Amp Fiddler
Afro Strut
· 27 Set 2006 · 08:00 ·
Amp Fiddler
Afro Strut
2006
Genuine / PIAS Recordings


Sítios oficiais:
- Amp Fiddler
- Genuine
- PIAS Recordings
Amp Fiddler
Afro Strut
2006
Genuine / PIAS Recordings


Sítios oficiais:
- Amp Fiddler
- Genuine
- PIAS Recordings
No segundo álbum, Fiddler não deixa dúvidas em relação à sua atitude perante o mundo e apura a sua música com a certeza do que quer.
Uma das primeiras perguntas a surgir é quem é Amp Fiddler? É do conhecimento público que este homem de Detroit, de seu nome Joseph Fiddler, trabalhou com George Clinton nos anos 80 e Prince nos anos 90 e durante esse tempo não se poupou a uma série de ensaios e colaborações. Trabalhou com pessoas influentes que não só lhe enriqueceram o curriculum como lhe abriram definitivamente os horizontes à sua ambição como músico e produtor. A voz e a atitude não passaram despercebidas desde que seu nome passou a estar associado á sua própria música. A formação em jazz, o profundo conhecimento das velhas escolas funk e a inegável paixão pela soul, fizeram o resto, transformando este músico num dos mais cativantes nomes a surgirem nestes últimos tempos. Mas se identificar Amp Fiddler num meio sobrelotado é relativamente fácil, complicado será explicar o seu verdadeiro desígnio neste mundo.

Amp Fiddler atinge um novo patamar e revela-se ainda mais engenhoso no segundo álbum. Podemos desde logo reconhecer o talento e admitir que teve uma escola invejável, para logo de seguida elogiar-lhe a escrita criativa. Sim, porque apesar de muita coisa já ter sido imaginada, criada e explorada, ainda há alguém neste mundo com inspiração suficiente a correr-lhe nas veias para trazer à realidade um disco como Afro Strut. E acreditem encontrar alma no funk ou na soul produzidos nos dias que correm não é tarefa fácil. Indagar poderá ser uma tarefa frustrante. Mas quando do desconhecido emergem nomes talentosos que procuram – por vezes sem um esforço muito significativo – um linguagem própria, um estilo que permita distinguir agudeza de espírito da mediania corrente de quem corrompe a essência, aí ouvir música volta a ser um prazer.

Amp Fiddler alimenta-nos o espírito e obriga-nos a reconhecer pelo menos uma verdade, a sua. Não esconde as referências que lhe estão na alma e muito menos tenta dissimular na sua música uma certa substância que alimentava os clássicos. Ele simplesmente acolhe diversas pragmáticas para um núcleo e aí trata a matéria com o sentimento exigido, o seu sentimento. Era esse o engenho de Waltz of a Ghetto Fly (2004) e volta a ser esse o elemento de mais-valia em Afro Strut, a capacidade se síntese e interpretação de diversas linguagens e integra-las num universo próprio.

A verdade acaba também por estar diante de nós, desde que estejamos dispostos a ver e a percebe-la. Fiddler encontrou-a e agora decidiu uma vez mais partilhá-la com o mundo. Não se trata de uma novidade explosiva ou da criação de um marco que alimentará a história nos próximos anos, mas já será um facto bem para além do satisfatório que permitirá a unanimidade no reconhecimento das atitudes e talento de quem na verdade sabe o que quer. E ao segundo álbum não restam dúvidas sobre para onde o autor quer canalizar o seu conhecimento sobre o mundo.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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