DISCOS
Robert Forster
Inferno
· 19 Mar 2019 · 16:43 ·
Robert Forster
Inferno
2019
Tapete Records


Sítios oficiais:
- Robert Forster
- Tapete Records
Robert Forster
Inferno
2019
Tapete Records


Sítios oficiais:
- Robert Forster
- Tapete Records
Honestidade.
Depois dos Go-Betweens, houve Robert Forster. Ou talvez tenha sempre havido Robert Forster; talvez tenha sido ele o elo principal, o centro de onde emanavam todas as histórias da banda australiana, todos os romances e todas as palavras. Outra coisa não se poderia esperar de um tipo que já afirmou, certa vez, que todo o seu trabalho era auto-biográfico. Forster não nos transporta, ao contrário de muita outra música, para um lugar imaginado. Transporta-nos para junto de si próprio, abre a porta aos que o queiram visitar.

Ao longo da sua carreira, estes não foram assim tantos, mas todos eles elogiam a sua hospitalidade, como se de um povo ou de um país em particular se falasse. Qual o segredo de Forster para se ter tornado um artista de culto? Qual o segredo para a existência de artistas de culto? A honestidade, talvez, tal como explica - de modo auto-biográfico, lá está - em "No Fame": ele nunca precisou de fama, nem é agora, que é feliz (não o foi sempre) que irá dela precisar.

Inferno chegou aos primeiros 20 lugares do top alemão (onde reside) e aos 20 primeiros do top independente britânico (cuja língua é a sua pátria) assim que foi editado, e essa minuciosa vitória soa gigante no caso de um artista como Forster. E absolutamente honesta: é a velha história do underdog, a fazer canções para tantos como ele. Canções como "Crazy Jane On The Day Of Judgement", que vai buscar o título a Yeats (e todos os que lêem poesia são underdogs). Ou "The Morning": It's a new day, another night that I’ve survived / My dreams have chased me to this place where I've arrived. Ou até mesmo "Remain": I know what it's like to be ignored forgotten / When yours is the name that doesn't come up too often. A grande conclusão é: Robert Forster não precisa da fama porque nos tem a nós, e nós não precisamos de mais nada enquanto o tivermos a ele.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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